Não é segredo para ninguém que o Ceará vem atravessando uma das secas plurianuais mais severas de que se tem notícia. A pouca água acumulada nos reservatórios, chuvas abaixo da média histórica, o crescimento da população nas zonas urbanas e o incremento de atividades econômicas no estado estão entre os fatores que, aliados, culminam na crise hídrica atual.
Nesse cenário, apesar da secular experiência nacional de políticas públicas para o enfrentamento das secas do Nordeste, os impactos econômicos, sociais e ambientais ainda se fazem sentir fortemente. Entretanto, há muitas lições a aprender que podem contribuir para o aperfeiçoamento das políticas públicas nos nossos estados, inclusive levando em conta cenários futuros de mudanças climáticas.
Dessa forma, será realizado em Fortaleza-CE, entre os dias 30 de novembro, 1º e 2 de dezembro, o Seminário de Avaliação da Seca de 2010-2016 no Semiárido Brasileiro, que tem objetivo de documentar aspectos climáticos, impactos, respostas e lições para subsidiar futuras estratégias de adaptação aos impactos das secas no contexto de mudanças climáticas e crescente pressão antrópica e contribuir para o aperfeiçoamento da Política Nacional sobre Secas.
O evento reunirá representantes de várias instituições federais, estaduais e internacionais, com a participação direta dos nove estados do Nordeste, além de Minas Gerais e Espírito Santo.
De acordo com Antônio Rocha Magalhães, do CGEE, o Seminário de Avaliação da Seca servirá como um registro do mais prolongado período de seca, pois, nos sete anos entre 2010 a 2016, seis foram de estiagem no semiárido nordestino. A exceção foi o ano de 2011.
“Isso é um fato histórico e tentaremos evitar o que aconteceu no passado, quando as ações eram somente de reação à Seca. Acreditamos que a política de enfrentamento e convivência com a estiagem deve permanecer em anos com boas chuvas também”, afirmou o especialista.
O Centro Administrativo do Banco do Nordeste, no Bairro Passaré, será o local do Seminário, que durante a abertura contará com o lançamento do livro “Secas no Brasil – Política e Gestão Proativas”. O livro traz uma documentação de dados, análises e imagens da atual estiagem no semiárido.
Também fara parte da programação do Seminário de Avaliação da Seca uma exposição de fotografias sobre a seca no Nordeste, com imagens feitas pelos fotógrafos Dorte Verner (Banco Mundial), Juliana Lima de Oliveira (Funceme), Leandro Castro (Funceme), Bruno Zaranza (Funceme) e Giullian Nicola Lima dos Reis (Funceme). As fotos são registros de viagens de campo ao Sertão do Ceará nos anos de 2015 e 2016, e de missões recentes do Banco Mundial no semiárido brasileiro.
Fotos:Reprodução.