Com 95% do solo marcado pelo semiárido, um clima caraterizado pela baixa umidade e pouco volume de chuvas, o Ceará convive com um desafio histórico: amenizar os efeitos da terra seca, garantindo sustento através da agricultura e priorizando o abastecimento humano. Após cinco anos de chuva abaixo da média, os estudos técnicos e os trabalhos de campo ganham um novo ritmo. Além das iniciativas de uso consciente, aproveitamento da água da chuva, dessalinização, estudos aprofundados acompanham diariamente as condições dos reservatórios e analisam novas fontes de abastecimento. Um estudo desenvolvido pela Companhia de Recursos Hídricos analisa novas fontes subterrâneas de água e, recentemente, uma análise técnica mostrou potencial aquífero na região Metropolitana de Fortaleza, entre Pecém e Paracuru. Novos poços serão perfurados atendendo demandas da região e economizando água dos reservatórios.
O Plano Estadual de Convivência com a Seca, anunciado em fevereiro do ano passado, baliza ações tanto emergenciais quanto estruturantes. No cenário de recursos escassos, o governo tem se desdobrado em esforços para amenizar os impactos da seca sobre a população. Dentre as realizações implementadas até aqui destacam-se a construção de 330 km de quilômetros de Adutoras de Montagem Rápida, que já estão atendendo diversas cidades do interior. Outras 11 AMRs estão em fase de elaboração de projetos por técnicos da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) e da Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra). Nessa nova etapa de construção de adutoras, serão investidos mais R$ 48 milhões liberados pelo Governo Federal, por meio do Ministério da Integração Nacional.
As novas adutoras levarão água para oito sedes municipais e sete distritos em várias regiões do semiárido, beneficiando mais de 100 mil pessoas. No total, serão mais de 200 quilômetros de tubulações cortando os sertões para levar água a quem mais precisa. “Foi um trabalho muito minucioso e detalhista para chegar a essa relação. A ideia foi beneficiar o maior número de pessoas e de comunidades possível com os recursos disponíveis”, explica o secretário dos Recursos Hídricos, Francisco Teixeira.
Poços
Mais de 1,4 mil poços foram perfurados e instalados, além de 454 chafarizes e 64 dessalinizadores (SRH/Sohidra) em comunidades rurais e sedes de municípios em dificuldades de abastecimento.
E o programa de perfuração de poços profundos deverá ganhar novo impulso nos próximos meses. O Governo do Estado está concluindo o processo licitatório para compra de 19 novas máquinas perfuratrizes. Isso dinamizará ainda mais a construção e a instalação de poços em todo o território cearense.
Gestão
Em relação à gestão dos recursos hídricos. foi instituído o “Estado de Escassez Hídrica” como forma de alertar gestores e sociedade em geral para a importância da economia de água. Também foram adotadas medidas de restrição do uso de água para irrigação e carcinicultura, setores de uso mais intensivo de água.
Outra medida de gestão foi a suspensão da concessão de novas outorgas nos vales do Jaguaribe, Banabuiú e ao longo do Canal do trabalhador e do Eixão das Águas.
Economia
Paralelamente a essas inciativas, o Governo convocou a população a participar dessa campanha de uso consciente da água. Para isso, foi veiculada campanha publicitária (rádio, TV, internet e jornais impressos) chamando a atenção da população para a importância do uso consciente de água.
Para os menos atentos à necessidade de economia, foi instituída a Tarifa de Contingência, com objetivo de economizar 10% de água na Região Metropolitana de Fortaleza.
Água doce
A SRH também implantou, desde 2015, 50 sistemas de abastecimento do Programa Água Doce em comunidades do semiárido cearense. Outros 14 estão prontos, aguardando apenas a ligação de energia. O programa tem ainda mais 30 sistemas em fase de conclusão.
O Programa Água Doce (PAD) é uma ação do Governo Federal coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente, por meio da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano, em parceria com instituições federais, estaduais, municipais e sociedade civil. Visa ao estabelecimento de uma política pública permanente de acesso à água de boa qualidade para o consumo humano, promovendo e disciplinando a implantação, a recuperação e a gestão de sistemas de dessalinização ambiental e socialmente sustentáveis para atender, prioritariamente, as populações de baixa renda em comunidades difusas do semiárido.
Lançado em 2004, o PAD foi concebido e elaborado de forma participativa durante o ano de 2003, unindo a participação social, proteção ambiental, envolvimento institucional e gestão comunitária local. Possui como premissas básicas o compromisso do Governo Federal de garantir à população do semiárido o acesso à água de boa qualidade, além de ser amparado por documentos importantes como a Declaração do Milênio, a Agenda 21 e deliberações da Conferência Nacional do Meio Ambiente.
Municípios atendidos pelo PAD no Ceará
LOTE 1: Miraíma, Irauçuba, Itapajé, Umirim, Tejuçuoca, Apuiarés, Pentecoste, General Sampaio, Paramoti, Caridade, Canindé, Sta Quitéria, Itatira e Madalena.
LOTE 2: Monsenhor Tabosa, Boa Viagem, Independência, Quiterianópolis, Tauá, Arneiroz, Catarina, Saboeiro, Aiuaba e Salitre.
LOTE 3: Barreira, Chorozinho, Aracoiaba, Ocara, Itapiúna, Choró, Ibaretama, Ibicuitinga, Morada Nova, Palhano, Russas, Banabuiú, Jaguaretama, Jaguaribara, Alto Santo, Milhã, Mombaça, Piquet Carneiro, Acopiara e Umari.
23.03.2016
Fotos: Reprodução