Discussões sobre identidades de gênero discordantes e o esforço de homens transexuais por adequação aos conceitos de masculinidade. Assim podemos descrever “Histórias Compartilhadas – Ou dos corpos que não se bastam”, um espetáculo do Outro Grupo de Teatro, que fará apresentação sexta-feira (19/08), às 19h, no Teatro Dragão do Mar. A peça é fruto da ação performativa e pesquisa em torna da sexualidade humana apresentada por Ari Areia, como Trabalho de Conclusão de Curso, na graduação em Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará.
Histórias Compartilhadas constrói sua dramaturgia fragmentada a partir de fatos e documentos. O processo de pesquisa e montagem do espetáculo durou cerca de um ano, onde foi feito levantamento bibliográfico sobre o assunto e entrevistas. Sendo assim, a encenação utiliza signos inesperados para lidar com o material reportado, e o conjunto da obra não se propõe a representar um drama a partir disso. Para se estabelecer de forma mais objetiva nesse sentido, evitando cair numa apropriação indevida do discurso, o caminho trilhado pelo trabalho foi o da performatividade. “A ideia não era mimetizar a ‘realidade’ deles em cena”, como explica o ator Ari Areia.
Dessa forma, a força motriz do processo criativo na peça leva a discutir identidade de gênero e, como reflexo da pesquisa aprofundada, os artistas têm proposto contribuições dentro do legislativo municipal, a partir do pensamento de políticas públicas de cidadania para pessoas trans. “O espetáculo quer provocar e até constranger a plateia através do deslocamento de papéis historicamente definidos no que diz respeito a sexo e gênero”, ressalta o encenador Eduardo Bruno.
Histórias Compartilhadas é o terceiro espetáculo do Outro Grupo de Teatro, que, em agosto, completa quatro anos de atividade. O repertório do grupo é composto pela comédia “Comer Querer Ver” (2012) e o drama “Caio e Léo” (2014), ambos usam como pano de fundo a desconstrução da heteronormatividade.
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