Mesmo com um longo caminho a ser percorrido, a luta pela igualdade de gênero já deu passos bem significativos. As mulheres tem conseguido conquistar o seu espaço e vem mostrando que o gênero não é fator que as desqualifica, pelo contrário. No Brasil isso é bem presente, afinal, o país conseguiu eleger a sua primeira presidenta, que faz questão de que enfatizem o gênero feminino no seu título e, no cenário mundial, temos Christine Lagarde, como presidenta do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Mas e elas? Acham que a igualdade de gênero existe?
Iara Avelino: “Vejo pouco preconceito dos homens com as mulheres ou vantagens deles sobre a gente. Hoje em dia, as coisas estão bem iguais, se comparar com tempos atrás”, diz.
Iara, 19 anos, é estudante de Publicidade e Propaganda.
Marina Oliveira: “Acredito que já alcançamos muita coisa, posso ver explicitamente quando a lei Maria da Penha é colocada em prática, por exemplo. No entanto, se existisse mesmo igualdade de gêneros, não seria nem mesmo preciso a criação desta lei que tanto defende a mulher”. Marina diz ainda que “ultimamente as mulheres tem ocupado bastante espaço por falta de interesse ou competência dos homens”. Para ela, o fato é “comprovado inclusive pelo nível de escolaridade da mulher, que vem ficando a cada ano maior que dos homens, e o número de matrículas escolares no sexo feminino que é maior”.
Marina, 23 anos é pedagoga e trabalha como professora.
Jesuana Prado: “A igualdade de Gênero creio que existe em algumas situações, não plenamente, nem totalmente, como por exemplo, na competição para entrar no ônibus, há uma tentativa de igualdade de gênero, geralmente os homens levam a melhor, mas também as mulheres enfrentam a força masculina para conseguir entrar, subir no ônibus e também disputar uma cadeira para sentar”, enfatiza.
Ela diz ainda que, “por outro lado só quem puxa essa tomada de atitude pra debater e agir com igualdade são os movimentos sociais. Quando pensamos que a mulher hoje esta inserida em vários espaços que antes não poderia nem sonhar, por esse lado pensamos que essa igualdade existe, mas quando vemos essas mulheres exercendo profissões antes de exclusividade masculina, e ganhando menos pelo mesmo trabalho ai a igualdade ainda não é efetivada”.
Jesuana, 28 anos, é assessora da Pastoral da Juventude do Meio Popular, estudante de Pedagogia e trabalho na Secretaria de Direitos Humanos da Prefeitura de Fortaleza.
Ludymilla Silva: “Seria muito interessante, que na prática acontecesse à igualdade de gêneros, apesar de sabermos que as mulheres vêm desde sempre tentando construir seu espaço, ainda não conseguimos isso totalmente, logo estamos longe de ter uma sociedade que se diga que existe essa igualdade”.
Ludymilla, 20 anos, é estudante de Matemática, e mora no Crato, interior do Ceará.
As mulheres e suas lutas
Nossas quatro entrevistadas nunca sofreram exclusão ou preconceito pelo fato de serem mulheres. Isso mostra que a sociedade está evoluindo no contexto da igualdade de gênero. Iara, que também é frequentadora assídua dos jogos de futebol, diz que o fato de gostar de futebol “é bom, porque quebra as normas de que homem é que sabe e entende tudo de futebol. Hoje em dia, as mulheres comandam a grande maioria de programas esportivos, e não por conta da beleza, mas por entender do assunto. Vejo mais homens que não gostam de futebol do que mulheres”.
Para Marina, quando o assunto é trabalho, ser mulher mais ajudou que atrapalhou, já que nunca foi “excluída de algum processo”, “pelo contrário”, enfatiza. No Brasil e, também, em vários países do mundo, o grito por igualdade e empoderamento da mulher em todos os âmbitos da sociedade tem sido cada vez mais constante. Viver sem exclusão é uma realidade concreta para muitas, e foi possível graças a luta de outras tantas mulheres e homens.
São manifestações, como à Marcha das Margaridas, que leva mulheres trabalhadoras de todo o Brasil para a Brasília em busca de visibilidade, reconhecimento social e político e cidadania plena; e, também, a Marcha das Vadias: movimento internacional de mulheres criado em abril de 2011 na cidade de Toronto, no Canadá, em resposta ao comentário de um policial que disse que, para evitar estupros no campus, as mulheres deveriam parar de se vestir como “sluts” (vadias, em português). O movimento foi realizado em diversas cidades do Brasil este ano.
E você se sente incluída ou excluída?
Esta matéria faz parte da cobertura do No Pátio sobre a Rio +20. Confira a primeira parte dela.
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