Poesia que reflete o exercício de pensar relações pessoais conturbadas e transmutá-las, transformando o vazio e os maus costumes em força para seguir. É assim que a artista cearense ILYA define a canção “NADA”, presente no seu primeiro álbum, “Doces Náufragos”. Essa reflexão também está no videoclipe da música, que será lançado nesta quinta, dia 28/03, a partir das 20h, no Café Couture, e no dia 29/03, via Tratore, em meio às discussões e lutas que perpassam o Dia Internacional da Mulher.
A artista também vai lançar o clipe em Sobral, no dia 29/03, às 20h, na Margem Esquerda, dentro do projeto “Solenidade em Homenagem às Mulheres | Profissão Mulher”, com entrada gratuita. Partindo da vontade de ter um videoclipe para todas as canções do disco, ILYA explica que a ideia do clipe surgiu quando, em uma tarde ociosa em São Paulo, a atriz Elisa Porto fez uma visita. “Conversa vai, conversa vem, nós gravamos uns vídeos e tiramos umas fotos no celular, experimentando possibilidades de registro que serviria de matéria-prima para o clipe de NADA”, diz.
A artista, então, mostrou todo esse material para Ed Borges, que já havia trabalhado com ela no clipe “Se Eu Saio e Você Dança” e no “Balneabilidade Livre” como assistente de montagem e edição. A partir de dicas e sugestões, como a busca de mais referências para compor uma narrativa, ILYA revistou ilustrações próprias, produzidas em 2013 e 214, além de gravar mais imagens usando, agora, o seu filho, Paulinho, de nove anos, como câmera e também como modelo.
“Como um bruxo lendo todas as entrelinhas, o Ed acessou meus sentimentos sombrios e processos de cura que até então eu ainda não havia me dado conta. O clipe traz a urgência de dar um basta na violência contra a mulher e escancarar a voz e os relatos de tortura, maus tratos e horríveis formas de se relacionar, dando lugar para o autoconhecimento, para empatia, para a cura e para novas formas saudáveis de se comunicar”, pontua.
O resultado final do videoclipe de NADA tem um significado importante para ILYA. Como mãe adolescente de um relacionamento abusivo, ela encontrou na arte uma forma de transmutar todo o sentimento de raiva e sufoco que passou ao decidir caminhar na contramão do que se fazia sua própria realidade. Primeiro, na pintura, teve a chance de exorcizar esses sentimentos com pinceladas e traços que refletiam o seu interior machucado e calado. Seu filho, hoje, representa a continuidade da vida, o amor incondicional e a atenção nas relações.
Fotos: Reprodução / Fonte: Assessoria