Imagem Brasil Galeria abre exposição A Casa do Ser

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Em uma casa simples do povoado de Furnas, na histórica cidade de Pirenópolis, em Goiás, mora uma mulher, Alina, a Dona Nica. Na fachada, duas janelas e uma porta no meio. No interior, o retrato da memória afetiva que poderia ser do morador de qualquer pequeno sítio do país, de qualquer tempo. O corredor da casa dá passagem para o quintal com um grande bananal. Foi com a finalidade de comprar bananas nanicas para sua produção de frutas desidratadas que a fotógrafa Ana Póvoas conheceu Dona Nica e seu universo.

“A casa era de chão batido, panelas areadas ao redor do fogão de lenha, bancos de madeira; e talheres arrumados em série, sobre uma parede caiada de tempo. Telhas de barro à mostra. (…) Era um lugar simples, onde Nica morava com sua mãe, Dona Francisca”, diz a fotógrafa no livro A Casa do Ser, título da exposição que abre no dia 21 de julho, às 10h, na Imagem Brasil Galeria, em Fortaleza. “Não sabia por que, mas queria ter aquelas imagens pra mim, levar cada detalhe comigo”, conta a autora. E lembra da escritora e crítica de arte Susan Sontag: “fotografar é apropriar-se da coisa fotografada”.

Sobre sua relação com Dona Nica, Ana conta no livro: “Iniciamos um trabalho juntas: eu comprava bananas para abastecer um negócio familiar de frutas secas; e, portanto, durante alguns anos, constantemente eu estava por lá. Dona Nica apontava com o facão, identificava o cacho que estava bom para ser colhido, cortava o caule da planta, e na sequência, eu carregava os cachos morro acima, durante a tarde toda (…) Diversas vezes, após o trabalho, ela me convidou a entrar na casa para um café. Com o tempo, percebi que aquela construção não era somente um lugar físico pra mim, mas simbólico. Uma casa onde há um silêncio no lugar das coisas. Silêncio dos objetos que envelhecem sem serem trocados com o tempo. Silêncio com cor de jardim, canto de passarinho, vento na folhagem, som de água que não para de jorrar, cheiro de jabuticaba”.

A cada nova visita à Dona Nica, Ana Póvoas colhia bem mais do que bananas nanicas. “Nesse contexto quase mágico, resolvi levar minha câmera, logo nos primeiros encontros. E comecei a fotografar a casa. Sem intenção, sem método, sem projeto. Apenas por ser uma fotógrafa ávida. Foi então que passei a colher bananas e imagens”, conta. “Era claro que Dona Nica não entendia o meu interesse em fotografar o seu lugar, juntamente com ela e seus objetos. Nem eu mesma entendia. Porém, a fotografia se estabeleceu definitivamente como um diálogo. E intensificou uma percepção poética, afetiva e simbólica daquela experiência”.

Ao rever os arquivos, capturados no período de 2007 a 2013, a fotógrafa identificou a possibilidade de desenvolver algo maior, o que resultou na edição do livro A Casa do Ser, lançado em 19 de agosto de 2017 no PIRI DOC, Festival de Cinema Documental de Pirenópolis. No mês seguinte foi em Goiânia, no Goyazes – Festival de Fotografia de Goiás e, mais recentemente, em março de 2018, no Festival de Fotografia de Tiradentes, um dos mais importantes eventos do gênero no país.

SERVIÇO:
Exposiçã
o e apresentação do livro A CASA DO SER, de Ana Póvoas
Abertura: Dia 21 de julho, às 10h, na Imagem Brasil Galeria
(Rua Rocha Lima, 1707, Aldeota – Fortaleza/CE)
Informações:  (85) 3261-0525.

Fotos: Reprodução / fonte: assessoria

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