Deverão ser pelo menos cinco agentes destacados pela própria Interpol, vindos de outros países, para cada seleção ou delegações da Fifa e de nações que passarem por Fortaleza durante os dias da Copa 2014. E cada comitiva internacional dessas também será reforçada por pelo menos 10 agentes federais brasileiros, formando quadros particulares de segurança das delegações. Entre representações nacionais e internacionais, serão cerca de 100 PFs a mais e perto de 50 policiais estrangeiros atuando somente no Ceará, além dos locais.
Isso é parte do plano de atuação já traçado pela Interpol para o período da Copa do Mundo em Fortaleza. Os jogos serão realizados entre 12 de junho e 13 de julho do ano que vem, mas as reuniões e conferências já vêm ocorrendo em ambiente online entre as polícias internacionais.
A definição só depende agora das últimas 11 seleções a se classificarem, na repescagem das Eliminatórias. Cada país dirá sua demanda à Interpol. A maioria do plano tem caráter reservado e muitos trechos dependem de acertos, mas detalhes da estratégia-base foram obtidos.
As redes sociais, por exemplo, já estão sendo observadas. É fato, admite o coordenador da cooperação policial internacional para a Copa no Ceará, José Helano Matos, a preocupação com os protestos – muitos desencadeando em atos de vandalismo – que se sucedem pelo País desde a Copa das Confederações. O itinerário das seleções e locais de aglomeração, como foi na Copa das Confederações, terão controle rigoroso.
O evento da Fifa tem sido combustível, sempre citado nas manifestações. “As informações chegam o tempo todo. Estamos monitorando as redes, mas sem quebrar sigilos. A PF não pode invadir contas, mas pode acompanhar”, explica o coordenador.
Da tecnologia adotada, haverá robôs antibomba, aparelhos de raios-X portáteis, monitores de radioatividade, barreiras a eventual ataque cibernético. A possibilidade de algum ato terrorista, real ou virtual, é das maiores tensões num evento desse porte, segundo Matos.
Fortaleza é considerada subsede de baixo risco, “mas depende das seleções que virão”. Haverá vistoria permanente e diferenciada no aeroporto internacional de Fortaleza, no porto do Mucuripe, rodovias, na rota das delegações pela cidade, nos hotéis, na própria Arena Castelão.
As reuniões serão permanentes com Secretaria da Segurança Pública, polícias Militar e Civil, Perícia Forense, Exército, PF, Polícia Rodoviária, Comissão Nacional de Energia Nuclear, Bombeiros, Guarda Municipal, Vigilância Sanitária e Fifa.
Prospecção do perigo
“A segurança de cada local é do país-sede. Os agentes da Interpol, na verdade, agem como observadores. Eles prospectam situações de perigo”, explica Matos. Os homens da Interpol poderão prender? Não, porque não têm poder de polícia como policiais visitantes. Mas, ele confirma, acionarão a força local dentro do cenário de risco que vislumbrarem. “Nem andarão armados, é norma internacional”.
É previsto que os agentes estejam sempre muito próximos das delegações. Inclusive hospedados no mesmo hotel. Para agentes brasileiros haverá treinamentos na Capital federal ainda este ano. “A Copa das Confederações já foi nosso teste”, conta Matos. Da disputa realizada em 2013, entenderam que pode haver melhor definição de competências entre as forças de segurança. Mas nada foi mais surpreendente e inesperado, reconhece o coordenador, que a atmosfera surgida com as manifestações. “Foi surpresa pra todo mundo”.
Helano Matos é o atual chefe da criminalística da PF no Ceará. Cearense, 42 anos, perito criminal de origem, retornou há pouco mais de um mês a Fortaleza. Nos últimos dois anos, morou em Lyon, na França, sede da organização, onde era o diretor geral da perícia policial da Interpol. Chefiava o setor mundialmente, em casos complexos como ações terroristas, cibercrimes e apurações de provas biológicas.
Fonte: O Povo
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