Mesmo publicamente sendo contrário ao casamento gay, quando o governo argentino tomou a decisão de aprovar a união entre pessoas do mesmo sexo, há informações que, nos bastidores, o cardeal Jorge Mario Bergoglio, hoje papa Francisco, seria favorável a decisão.
Uma matéria do jornal americano The New York Times afirma que Bergoglio tem opinião totalmente contrária a que se posicionou em público. Segundo o jornal, o então cardeal defendeu que a Igreja se posicionasse favoravelmente à união civil entre homossexuais, mas sua proposta foi rejeitada no colegiado de bispos.
“A Argentina estava à beira de aprovar o casamento gay e a Igreja Católica Romana estava desesperada para impedir que isso acontecesse. Isso levaria dezenas de milhares de seus seguidores em protesto nas ruas de Buenos Aires. Mas, nos bastidores, o cardeal Jorge Mario Bergoglio, que liderou a acusação pública contra a medida, falou em uma reunião de bispos em 2010, e defendeu uma solução bastante não ortodoxa: a de que a Igreja na Argentina apoiasse a ideia de uniões civis para casais gays”, diz o artigo.
No encontro da Comissão Episcopal Argentina, a maioria dos bispos votou pela anulação da proposta e Bergoglio teve que se posicionar por toda Igreja contra a lei do casamento gay.
“Ele ouviu meus pontos de vista com uma grande dose de respeito”, disse Marcelo Márquez ao NYT, líder dos direitos dos homossexuais e teólogo argentino que escreveu uma carta ao Cardeal Bergoglio, e, para sua surpresa, recebeu um telefonema dele menos de uma hora depois.
“Ele me disse que os homossexuais precisam ter direitos reconhecidos e que apoiava uniões civis, mas não casamentos do mesmo sexo.” O ativista também afirmou que encontrou duas vezes com Francisco para discutir como a teologia católica poderia apoiar os direitos civis de homossexuais.
Para o Esteban Paulon, presidente da Federação Argentina de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais, não importa o que ele disse em reuniões privadas, e sim, “as coisas terríveis que disse em público”.
“A realidade, além do que ele pode ter dito em reuniões privadas, foi que ele disse algumas coisas terríveis em público”, disse Esteban Paulon, presidente da Federação Argentina de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais. “Ele pegou um papel, em público, que era decididamente combativo.”
Quase três anos depois de ter aprovado a lei, mais de 1.000 casais de gays e lésbicas se casaram na Argentina, além do crescimento do turismo especializado para turistas gays e lésbicas.
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