Você tem preconceito racial? Se a pergunta fosse feita para algum empresário certamente ele responderia que não. Se a mesma pergunta fosse estendida para a população brasileira em geral, seguramente, a grande maioria, também responderia negativamente e, talvez, com certo espanto por ser questionado quanto ao assunto. Mas na prática, mesmo que de forma velada, não é bem isso que acontecesse.
O relatório Perfil do Trabalho Decente no Brasil: um Olhar sobre as Unidades da Federação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgado ontem (19), mostra que uma em cada quatro jovens negras brasileiras entre 15 e 24 anos não estuda ou não trabalha. Os dados, por si só, evidenciam uma realidade de racismo: a taxa de mulheres negras que não trabalham ou não estudam é superior a das mulheres jovens em geral (23,1%), dos homens jovens (13,9%) e dos homens negros (18,8%).
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Segundo o relatório, não se trata de exclusão por preconceito, mas sim, o fato dessas jovens se dedicarem aos trabalhos domésticos. “O afastamento das jovens da escola e do mercado de trabalho, em um percentual bastante superior ao dos homens, é fortemente condicionado pela magnitude da dedicação delas aos afazeres domésticos e às responsabilidades relacionadas à maternidade, sobretudo quando a gestação ocorre durante a adolescência”, ressalta o relatório.
Os estados em que há mais desemprego entre as jovens negras são Pernambuco (36,7%), Rio Grande do Norte (36,0%), Alagoas (34,9%), o Pará (33,7%) e Roraima (33,2%). Em janeiro, o IBGE chegou a divulgar os dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) que revelavam que mulheres e homens negros ganharam menos que brancos em 2011. Estamos diante de uma realidade que exclui pelo gênero, raça e idade ou, como o relatório aponta, isto está ligado à figura da mulher como dona de casa?
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