Um estudo divulgado ontem (1) pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) revelou que 1,5 milhão de brasileiros, entre adultos e adolescentes, consomem maconha diariamente. Os dados do 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad) fazem reacender a discussão sobre a legalização da droga no País, e mexem com a opinião pública.
O levantamento mostrou ainda que 7% da população adulta já experimentaram a droga em alguma fase da vida, o que equivale a 8 milhões de pessoas. Entre adolescentes, 600 mil tiveram contato com a maconha. Em junho, o Relatório Mundial sobre Drogas 2012, chegou a divulgar que cerca de 230 milhões de pessoas (5% da população adulta, com idade entre 15 e 64 anos) pode ter usado alguma droga ilícita pelo menos uma vez em 2010.
Mas quem são os usuários da maconha no Brasil?
Para chegar a esses dados, a pesquisa ouviu 4.607 pessoas em 149 municípios, com idade a partir de 14 anos. Em média, 3% da população brasileira consome a droga, índice menor do que o da Europa, 5% e Estados Unidos, 10%. Dos 3,4 milhões de pessoas que usaram maconha no último ano, mais de um terço (37%) é dependente, o que representa 1,3 milhão. Entre os adolescentes, os índices de dependência alcançam 10% dos entrevistados.
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“Se as leis ficarem mais frouxas em relação ao uso da maconha, o maior prejudicado vai ser o adolescente. Qual vai ser o impacto em relação à saúde mental desses adolescentes? É isso que os dados nos alertam. A pessoa que já é usuária não vai mudar o padrão de consumo. Quem pode mudar o padrão de consumo, de acordo com a nossa atitude legislativa, é o adolescente”, avalia Ronaldo Laranjeira, psiquiatra, coordenador da pesquisa.
Laranjeira faz referência na sua fala à proporção entre usuários adultos e adolescentes. Em 2006, existia um adolescente para cada adulto que usa maconha. Em 2012, a proporção aumentou para 1,4 adolescentes por adulto. Em 62% dos casos, os usuários experimentaram a droga pela primeira vez antes dos 18 anos. Todo o contexto da pesquisa.
Marcha da Maconha
Nos últimos anos, vários movimentos pelo Brasil reivindicaram mudanças na legislação sobre o consumo da droga. A Marcha da Maconha, que chegou a ser proibida em algumas capitais brasileiras, tem ganhado visibilidade e adeptos em todo o país.
Com um discurso explicito de que não faz apologia ao uso da maconha, o Coletivo Marcha da Maconha diz que seus objetivos principais são: criar espaços onde indivíduos e instituições interessadas em debater a questão possam se articular e dialogar; estimular reformas nas Leis e Políticas Públicas sobre a maconha e seus diversos usos; ajudar a criar contextos sociais, políticos e culturais onde todos os cidadãos brasileiros possam se manifestar de forma livre e democrática a respeito das políticas e leis sobre drogas; exigir formas de elaboração e aplicação dessas políticas e leis que sejam mais transparente, justas, eficazes e pragmáticas, respeitando a cidadania e os Direitos Humanos.
E você, é a favor ou contra a legalização da maconha no Brasil?
Fotos: reprodução