Márcio Catunda lança novo livro em Fortaleza

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Dica para quem curte literatura! O foyer do Theatro José de Alencar recebe nesta quintafeira (10), às 19h, o lançamento do mais recente livro do diplomata e escritor cearense, Márcio Catunda, intitulado, Todos os Dias são Difíceis na Barbúria. O acesso é gratuito. Em Todos os Dias são Difíceis na Barbúria, Márcio Catunda, poeta, romancista e ensaísta com mais de quarenta obras publicadas, tece uma crítica mordaz ao automatismo burocrático e ao autoritarismo no âmbito funcional. Com a maestria inconfundível dos escritores experientes, descreve a ineficiência corporativista, os boicotes no ambiente de trabalho, as intrigas, as picuinhas, as calúnias, as bajulações, as injustiças contra os mais vulneráveis e os abusos de poder – em suma: as mazelas diárias que compõem o inferno propriamente humano.

Preso nesse quotidiano esmagador, Crátilo Portela, protagonista da trama, esse homem “puritano, neurótico e sem erotismo”, só pensa em deixar a Barbúria e quiçá retornar um dia para o Rio de Janeiro. Neste seu novo romance, Catunda demonstra uma verve refinadíssima para o humor inteligente, seja ao encarar a difícil tarefa de abordar de modo realista certos aspectos da vida nua e crua. A exemplo do que nos foi apresentado nas obras visionárias dos romancistas George Orwell e Aldous Huxley, vemos em Todos os Dias são Difíceis na Barbúria o traço característico e caótico de uma sociedade distópica, composta por homens frios e autômatos, isolados em suas prisões pessoais, sob o jugo de corporações totalitárias. O mecanismo conspirador da empresa que envolve o nosso protagonista é um grande simulacro de milhões de empresas espalhadas pelo mundo. E Barbúria, em verdade, é o microcosmo dos países modernos (especialmente as capitais), onde imperam os contrastes socioeconômicos e o dia a dia do cidadão burocrata acostumado (ou não) com a falta de ética e de valores humanos.

Esse mergulho no “inferno institucionalizado”, que serve de esteio para um desfile de personagens hipócritas, corruptos, interesseiros e mesquinhos, teve início no livro anterior, Terra de Demônios (Oficina Editores). Ao retomar o tema em Todos os Dias são Difíceis na Barbúria, o autor dá a vez e a voz a Crátilo Portela, que é um homem dotado de puritanismo, neurose, sem o capricho de dedicar seu tempo ao pensamento malicioso e aos prazeres carnais.

Nesses tempos sombrios de desumanidades e crescimento das desigualdades de classes, Catunda encontra uma forma inteligente de criticar o establishment com diálogos tenazes, ácidos e, ao mesmo tempo, de sutil humor.  O leitor terá pela frente, ao longo das páginas de Todos os Dias são Difíceis na Barbúria, um extenso caminho de reflexão, instigação e algum desencanto, talvez, na tentativa de saber se a vida é cruel porque nós somos difíceis ou se somos difíceis porque a vida é cruel.

 

Fotos: Reprodução / Fonte: Secult

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