Musicomania: 20 anos sem Mamonas Assassinas

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Quem era criança quase adolescente no começo dos anos 90 – como euzinha aqui – provavelmente nem sabia do que as músicas se tratavam direito. Adolescentes e adultos entendiam muito bem as piadas de duplo sentido das letras. Seja como for, o fato é que em 1996 um grupo chamado Mamonas Assassinas entrou para a história da música brasileira de um jeito que até hoje é meio difícil de explicar.

As letras não eram nenhuma obra prima da pura poesia. O ritmo, bem simples, quase paródias. O humor era uma constante. O sucesso, avassalador. E o fim, trágico: há 20 anos, os Mamonas Assassinas saíram do nada, chegaram ao auge e morreram. E eis aqui minha singela homenagem a eles.

(Para ler ouvindo)

[youtube width=”850″ height=”520″]https://www.youtube.com/watch?v=rmMj8UC5Mig[/youtube]

Admito que eu era muito fã dos caras. Assim, de verdade, de ficar ouvindo no rádio e dançar. E entrava em crise existencial por ter que admitir que achava o Dinho lindo Mas confesso que eu não fazia a menor ideia do que significava coisas como mamonas assassinas, suruba, comer tatu e outras expressões do tipo. Só que não fazia diferença, eu sabia que era algo engraçado e bom de dançar.

Outro dia, uma menina que nasceu no ano em que eles morreram me falou que não sabia o porquê do sucesso deles, que não era nada de mais. Mas era. Para quem tinha pego resquícios do clima pesado de um Brasil pós-ditadura, pós-superinflação e pós-impeachment, tudo o que mais precisávamos era um grupo para nos ensinar que ainda era possível ter bom humor em meio a tantas crises. E a pegada punk-pop-sertaneja dizendo que gay também era gente acabou conquistando o Brasil. Como não fazer sucesso?

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É certo que os Mamonas assassinas foram cria de Rick Bonadio, produtor musical. Antes eles tocavam o rock nacional clássico, triste, pesado, para baixo, sob o nome mais cabisbaixo ainda de Banda Utopia. Mas já tínhamos Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Titãs, Engenheiros do Hawaii e outras tantas bandas para nos lembrar que estava tudo muito ruim. Então, por que ser mais um quando se pode ser único? E assim eles foram, nos devolvendo o riso.

Há quem defenda que a música besteirol nasceu com os Mamonas Assassinas. Outros tentaram entrar na onda, mas não fizeram nem um quinto do sucesso deles. Pode até ser, de fato. A questão é o exagero. Naquela época, já tínhamos músicas politizadas demais. É bom uma válvula de escape, não acham? Hoje, o que temos é o oposto. Músicas politizadas de menos. Falta um pouco de reflexão. Como falei, o problema é o exagero. Claro que em nossos tempos modernos, letras como “Pois prá mim você é uma besta mitológica  com cabelo pixaim parecida com a Medusa” seriam inaceitáveis. Concordo. Que bom que o mundo está “chato”. Mas não entendo por que defendo os Mamonas assassinas, escuto, e quando toca, todo mundo canta junto.

[youtube width=”850″ height=”520″]https://www.youtube.com/watch?v=HluljEywXSM[/youtube]

A questão dos Mamonas foi tão intensa que às vezes acho que até o sensacionalismo na internet nasceu com eles. Quando morreram, tragicamente, em um acidente de avião, logo pessoas se reuniram em frente a computadores, com o auxílio da internet discada, para ver as fotos dos cadáveres dos integrantes que se espalharam feito rastilho de pólvora na web. Primeiro vazamento na web também foi deles, pelo visto.

Aquele dois de março eu ainda não entendia bem o que era morte. Mas sei que fiquei triste, bem triste por não haveria novas músicas. Dizem que Deus sabe o que faz. Não sei se é verdade. Mas o furacão chamado Mamonas nos fez feliz, nos fez voltar a sorrir. Então, podemos dizer que eles cumpriram sim uma bela missão.

[youtube width=”850″ height=”520″]https://www.youtube.com/watch?v=tD9zaR_nuxE[/youtube]

Fotos e vídeos: Reprodução

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