Não minta para mim: Por que devemos parar de mentir para os nossos filhos

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Quem não se lembra de ser “enganado” por seus pais? E quem nunca repetiu algumas mentirinhas para seus filhos? “É só dar um beijinho que o machucado sara”, “o coelhinho é quem traz os chocolates na Páscoa”, “a injeção vai doer só um pouquinho”. Sim, é muito fácil mentir para as crianças, no entanto, é preciso estar atenta para que essas pequenas mentirinhas, que até deixam o dia a dia um pouco mais simples, não virem algo quase rotineiro.

Encontrar o equilíbrio não é fácil. Mas é preciso ter a medida certa, buscando não marcar a vida da criança para sempre e acabar recebendo de volta o efeito contrário: deixar seu filho ainda mais ansioso ou intrigado sobre determinado assunto. O No Pátio pesquisou e separou três mentiras que contamos para nossos filhos e que influenciam a personalidade deles. Em um primeiro momento elas até parecem inofensivas, mas muitas vezes podem mudar para sempre a vida de uma criança. Veja por que devemos parar de mentir para os nossos filhos:

→ “Foi uma cegonha que trouxe você”

De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade de Montreal, com mais de mil adolescentes de 14 a 17 anos, quanto mais a criança for enganada sobre o sexo enquanto é pequena, mais cedo ela vai buscar satisfazer sua curiosidade. Ou seja, quanto melhor a criança for informada, menos curiosidade ela vai ter de ter uma experiência sexual antes da hora. Se seu filho insistir com “De onde vêm os bebês?”, explique de forma direta e pontual tudo que ele perguntar, usando alguma imagem lúdica o mais próxima possível da realidade da criança – a história da sementinha plantada pelo pai na barriga da mãe é uma boa opção quando o assunto é parar de mentir para os nossos filhos.

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→ “O seu avô virou uma estrela”

É inerente ao ser humano, pelo menos na sociedade ocidental, ter medo da morte e não saber lidar muito bem com ela. Como nós, adultos, temos dificuldade de aceitar a morte de pessoas queridas assumimos que nossos filhos também não vão conseguir aguentar essa dor. Em vez de contarmos o que realmente aconteceu e tentar tornar a morte um acontecimento natural, inventamos certas histórias mirabolantes como “foi morar no céu”, “vai dormir por muito tempo”, “virou uma estrela” ou “fez alguma viagem”. Isso quase sempre não convence a criança do que aconteceu nem ameniza a saudade que ela vai sentir.

Se as respostas que damos para as crianças não são satisfatórias, elas acabam procurando explicações em outras fontes – normalmente duvidosas. Associar a morte ao sono pode deixar a criança com medo de dormir e inventar uma viagem que não existe cria a falsa expectativa de que um dia a pessoa (ou o bichinho de estimação) vai voltar. O que fazer, então? Conte o que aconteceu. Nada mais, nada menos. Não precisa entrar em méritos maiores que a criança não vai entender, nem detalhes que vão deixá-la impressionada demais. Viver perdas faz parte da vida e do desenvolvimento do seu filho.

→ “Você é melhor dançarina da sua escola”

Elogiar é bom. As crianças adoram ser reconhecidas pelos seus esforços e fazem de tudo para agradar os pais, principalmente as crianças menores. Mas cuidado para não deixar o ego do seu filho inflado demais quando elogiá-lo. Você deve valorizar o esforço quando há esforço, assim você motiva seu filho a buscar a melhora em tudo o que fizer. Se não ficou tão bom quanto poderia ter ficado, diga a ele para tentar de novo, mas sem pressionar.

Assim como você, seu filho tem alguns limites e é normal que ele seja um ótimo aluno em matemática, mas péssimo jogador de futebol. O mais importante é que ele não desanime em dar o seu melhor. O elogio exagerado pode ser tão prejudicial quanto as críticas sistemáticas porque pode impedir a criança de ver a realidade e levá-la ao comodismo.

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É normal que de vez em quando você se pegue contando algumas mentirinhas dessas, mas o importante na hora de parar de mentir para os nossos filhos é tentar se policiar. Lembre-se: Se temos uma relação de amor com uma pessoa, tenha ela dois anos, 58 ou 103, devemos querer que ela seja construída na base da confiança.

Fotos: Reprodução. 

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