Documento final da Rio +20 – Um texto “acanhado” ou esperançoso?

Acontece

As críticas ao rascunho do documento final da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável continuam. Mas começa hoje, a reunião dos chefes de Estado e, com eles, a esperança de que o documento final dê rumos mais concretos a Rio +20.


Os chefes de Estado são a nova esperança para que a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável não fique só no diálogo dos encontros da conferência. Pelo menos, tem sido este o discurso de boa parte dos envolvidos mais diretamente na Rio +20. Tudo por conta do documento final da conferência. Nesta manhã (20), os chefes de Estado s se reúnem no complexo Riocentro, sob forte esquema de segurança, com aproximadamente 120 milhões de reais investidos. Os três últimos dias da Rio +20 serão decisivos para o bom êxito da conferência.

O texto da final da Rio +20

Ambientalistas
Para os ambientalistas o texto não corresponde à mudança de atitudes que o planeta precisa. “A Rio+20 se transformou em um fracasso épico. A conferência falhou em termos de equidade, ecologia e economia”, pontuo Daniel Mittler, diretor de Políticas Públicas do Greenpeace em um comunicado divulgado nesta terça-feira (19).

“Depois de dois anos de negociações, temos um texto que só gera mais processos. Isto é significativamente decepcionante. A linguagem é fraca e o resultado não se aproxima do que as pessoas e o planeta precisam”, disse à AFP Lasse Gustavsson, chefe da delegação do Fundo Mundial da Natureza (WWF) na Rio+20.

Governo brasileiro
Já para o governo brasileiro a sensação é de dever cumprido. Mesmo sobre fortes críticas em protestos na Cúpula dos Povos por conta, entre outras coisas, de não ter vetado totalmente o Código Florestal, a presidenta Dilma Rousseff, disse que a aprovação do documento antes da chegada dos chefes de Estado é uma “vitória do Brasil”.

“Um acordo entre 191 países e delegações é um acordo complexo. É sempre bom olhar que há a necessidade de um balanço entre os países. A questão do documento não é uma questão que diga respeito a um só país. Estamos fazendo um documento que é o documento possível entre diferentes países e diferentes visões do processo relativo à questão ambiental”, disse a presidenta em entrevista em Los Cabos, no México, onde participou da Cúpula do G20, grupo das 20 maiores economias do mundo.

Para muitos, faltou audácia do Brasil em propor metas mais exigentes no documento, para Dilma, a delegação brasileira fez o que era possível fazer para o momento. “Eu acho que temos que comemorar, sim, como uma vitória do Brasil, ter conseguido aprovar um documento que seja um documento oficial entre os diferentes países, contemplando posições distintas. Não tem só europeus, não tem só asiáticos, não tem só países do G77. Todos, cada um é voto, e cada um tem a mesma consideração que o outro, ou então não tem reunião possível entre países”, avaliou.

União Europeia
Mesmo considerando que o documento final não supri as “ambições” do conjunto da União Europeia, o grupo acha que o texto representa avanços no processo de discussão e prática do desenvolvimento sustentável global. O bloco, diz que muito do que está contido no documento como metas mais “audaciosas” deve-se a União Europeia.

“O documento não alcança a ambição que o mundo desejava, mas é um passo na direção certa e o passo mais largo possível nessas negociações. Acreditamos que o documento seria menos concreto e menos ambiciosos se não tivesse havido o compromisso que assumido pela União Europeia”, afirmou o comissário de meio ambiente da União Europeia, Janez Potocnik.

Completados os 20 anos da Eco 92, o mundo se vê novamente discutindo os mesmos problemas, que hoje, sem dúvida, tem resultados negativos bem mais impactantes que outrora. Cabe agora aos detentores do poder governamental tomar uma decisão que mude, enfim, a relação do ser humano com o planeta, ou “profetizar” se a Terra poderá esperar por 20 anos e, assim, só depois disso, pensar nas ações.

 

Fotos: Reprodução

Inscreva-se na nossa newsletter