O governo federal lançou ontem (27), em Maceió, Alagoas, o Plano de Prevenção à Violência Contra a Juventude Negra denominado Juventude Viva. O objetivo é reduzir o elevado índice de homicídios que atingem os jovens negros em todo o país, com maior gravidade em 132 municípios, que serão priorizados no Plano.
Na primeira etapa do plano serão investidos, aproximadamente, R$ 70 milhões em recursos novos, distribuídos em mais de 30 iniciativas que integram 25 programas federais. O projeto-piloto vai contemplar, além da capital do estado os municípios de Arapiraca, União dos Palmares e Marechal Deodoro.
Dois motivos foram responsáveis pela escolha de Maceió como primeira cidade a receber o plano. Primeiro, por ocupar a 2ª posição entre os 132 municípios que concentram mais de 70% dos homicídios registrados no País. Segundo, por ter sido também a primeira cidade a abrigar o Programa Brasil Mais Seguro, do Ministério da Justiça, que após três meses já apresenta avanços na redução dos índices de violência.
As ações do Plano serão distribuídas entre os programas dos ministérios e secretárias do governo federal divididas em quatro eixos:
- Desconstrução da cultura de violência;
- Inclusão, emancipação e garantia de direitos;
- Transformação dos territórios;
- Aperfeiçoamento da atuação institucional.
A ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, fala que a adoção de aulas em período integral e a capacitação de profissionais para trabalhar especificamente com os jovens, estão entre as ações do Plano.
“Será extremamente importante o trabalho que faremos com as forças policiais para que possamos ter um comportamento diferenciado em relação aos jovens, especialmente em relação ao jovem negro que, por conta da discriminação racial, acaba sendo mais atingido por essa violência”, disse Luiza.
Reivindicação
O Plano de Prevenção à Violência Contra a Juventude Negra – Juventude Viva, é resultado de uma reivindicação da sociedade civil organizada por ocasião da 1ª e 2ª Conferencia Nacional da Juventude, em 2008 e 2011. Ele foi elaborado com a parceria dos ministérios da Justiça, Saúde, Educação, Trabalho e Emprego, Cultura e Esporte e está sob a coordenação da Secretaria-Geral da Presidência da República, por meio Secretaria Nacional de Juventude, e da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).
De acordo com dados do Ministério da Saúde, 53% dos homicídios registrados no Brasil atingem pessoas jovens sendo que, desse total, mais de 75% são negros, na maioria do sexo masculino e de baixa escolaridade.
Os dados revelam ainda que ao longo da última década esses índices vêm crescendo. Enquanto as mortes de jovens brancos caíram de 9.248 em 2000 para 7.065 em 2010, a morte de jovens negros cresceu de 14.055 para 19.255 no mesmo período.
O Mapa da Violência 2012, estudo do Instituto Sangari, revela que a soma de homicídios em dez países que lidam com conflitos armados, entre eles Iraque, Índia, Israel e Afeganistão, é menor que o total de homicídios ocorridos no Brasil no período de 2004 a 2007 (147.373 contra 157.332).
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Foto e vídeo: reprodução