No Brasil apenas 26% da população pode ser considerada plenamente alfabetizada. É o que diz o resultado do Indicador do Alfabetismo Funcional (Inaf) 2011-2012, pesquisa produzida pelo Instituto Paulo Montenegro e a organização não governamental Ação Educativa.
A pesquisa, feita por amostragem, avalia por meio de entrevistas e um teste cognitivo, a capacidade de leitura e compreensão de textos e outras tarefas básicas que dependem do domínio da leitura e escrita. Obtidos os dados dos testes, os entrevistados mediante o resultado de sua avaliação, são divididos em quatro grupos: analfabetos, alfabetizados em nível rudimentar, alfabetizados em nível básico e plenamente alfabetizados.
Foi assim que a pesquisa apontou que 74% da população brasileira não é plenamente alfabetizada, logo se encaixam nas outras categorias: analfabetos funcionais, que representam 27% e a maior parte da população que apresenta um nível de alfabetização básico, 47%. O resultado de plenamente alfabetizados é o mesmo apontado em 2001, quando o indicador foi calculado pela primeira vez.
“Os resultados evidenciam que o Brasil já avançou, principalmente nos níveis iniciais do alfabetismo, mas não conseguiu progressos visíveis no alcance do pleno domínio de habilidades que são hoje condição imprescindível para a inserção plena na sociedade letrada”, aponta o relatório do Inaf 2011-2012.
O estudo indica ainda, o que já é explicitamente visível nas diversas realidades em que a população brasileira está inserida: o nível de alfabetização está intimamente ligado ao nível de renda das famílias. Na população com renda familiar superior a cinco salários mínimos, 52% são considerados plenamente alfabetizados. Na outra ponta, entre as famílias que recebem até um salário por mês, apenas 8% atingem o nível pleno de alfabetização.
Em linhas gerais, mais brasileiros pobres foram inseridos ao sistema de ensino. Mas a falta de condições adequadas de aprendizagem não fez com que houvesse melhora significativa nos níveis gerais de alfabetização da população, mesmo com o nível de escolaridade média do brasileiro tendo melhorado nos últimos anos. A pesquisa entrevistou 2 mil pessoas, de 15 a 64 anos, em todas as regiões do país.
Saiba como o Inaf 2011-2012 descreve os quatro níveis de alfabetização:
Analfabetos: pessoas que não conseguem realizar nem mesmo tarefas simples, como a leitura de palavras e frases ainda que uma parcela destes consiga ler números familiares.
Alfabetizados em nível rudimentar: localizam uma informação explícita em textos curtos, leem e escrevem números usuais e realizam operações simples, como manusear dinheiro para o pagamento de pequenas quantias.
Alfabetizados em nível básico: leem e compreendem textos de média extensão, localizam informações mesmo com pequenas inferências, leem números na casa dos milhões, resolvem problemas envolvendo uma sequência simples de operações e têm noção de proporcionalidade.
Alfabetizados em nível pleno: leem textos mais longos, analisam e relacionam suas partes, comparam e avaliam informações, distinguem fato de opinião, realizam inferências e sínteses. Resolvem problemas que exigem maior planejamento e controle, envolvendo percentuais, proporções e cálculo de área, além de interpretar tabelas, mapas e gráficos.
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