Não é preciso ser fã de rap ou funk para já ter ouvido os versos Ô, garota, eu quero você só pra mim (pra mim). / Botou a bunda com o dinheiro do Tigrin’ (no complexo). / Vem pro Rio que tu sabe que sou cria (no complexo). / Vem mostrando esse bundão de academia (no complexo)”. A canção, chamada “Oh Garota, Eu Quero Você Pra Mim” virou febre em apps como Tik Tok e Instagram. Ela tem entre seus cantores um rapper chamado Oruam, que viu nos últimos tempos seu nome tomar conta das redes sociais.
A seguir,então, conheça o artista que se tornou um dos principais alvos de um projeto de Lei que prevê a proibição de contratar artistas que, supostamente, fazem apologia as drogas em seus trabalhos.
Quem é Oruam?
Com 25 anos, Oruam é um dos mais famosos rappers da atualidade no Brasil. O músico está sempre atraindo multidões a seus shows e sempre aparecendo com destaque nos grandes festivais de música do país. No entanto, com mais de oito milhões de seguidores somente no Instagram, ele também é famoso por ser o filho de Marcinho VP. Isso porque Marcinho, atualmente preso em uma cadeia do Rio de Janeiro, é apontado como um dos líderes do Comando Vermelho, uma das maiores facções criminosas do país.
O rapper, porém, começou a despontar no cenário nacional ainda em 2023, chamando atenção tanto no rap quanto no funk. Fã de Neymar, mesmo sem ter lançado nenhum disco, Oruam acumula mais de 10 milhões de ouvintes mensais no Spotify. Ou seja, ele é a prova de que nem sempre é preciso uma grande gravadora para conquistar alcance nacional com a música.
Por que Oruam é alvo de uma PL?
Nascido e criado na comunidade, Oruam costuma trazer temas como ostentação, sexo e, claro, o fato de ser filho de traficante em suas canções. Assim, muitos consideram suas letras verdadeiros “proibidões”, isto é, músicas com letras pesadas que referenciam, sobretudo, a drogas e crimes. Embora seu pai tenha sido preso por homicídio qualificado, formação de quadrilha e tráfico de drogas, Oruam se apresentou no Lollapalooza Brasil de 2024 com uma camiseta na qual pedida a liberdade dele.
“Meu pai errou, mas está pagando pelos seus erros e com sobra. Só queria que pudesse cumprir uma pena digna e saísse de cabeça erguida”, declarou o cantor após a apresentação. Outra polêmica envolvendo Oruam é a tatuagem que ele tem em homenagem a Elias Maluco, seu padrinho. Isso porque Elias foi o responsável pela morte do jornalista Tim Lopes, que repercutiu no país inteiro.
Diante de tudo isso, em São Paulo, uma vereadora apresentou um projeto de Lei (ou PL) que visa proibir o uso de dinheiro público para a realização de shows e eventos gratuitos “que envolvam, no decorrer da apresentação, expressão de apologia ao crime organizado ou ao uso de drogas”. Muito embora o texto não cite diretamente o nome do rapper, o projeto ganhou o nome de anti-Oruam.
No entanto, muitos estudiosos veem o projeto como uma forma de censura. Afinal, não é possível adivinhar o que um artista fará durante sua apresentação. Assim, assumir que ele vá fazer algum tipo de apologia ao crime e, por isso, impedir sua contratação, ainda que preventivamente, é um tipo de censura.
Que polêmica, hein?
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