Nada melhor que registrar momentos da sua vida com uma boa fotografia, não é? Já parou para pensar como seriam os jornais ou as revistas sem as tão famosas fotos, que muitas vezes prendem os olhares dos leitores por longos minutos? Graças ao repórter fotográfico, capturar das cenas do cotidiano ou momentos atípicos é possível e faz muita diferença na construção do texto jornalístico. Então, nada mais justo que dedicar uma data a esses profissionais! Hoje, 02 de Setembro, é o dia do repórter fotográfico, e o No Pátio relembra a vida e o trabalho do famoso Robert Capa. Imperdível!
Para quem acredita que “uma imagem vale mais que mil palavras”, então pode-se dizer que um dos mais famosos repórteres fotográfico do mundo, Robert Capa, falou muito por meio de suas tão famosas fotos!
Robert Capa não é o nome de batismo de um dos fotógrafos de guerra mais célebres que o mundo já conheceu. O nome verdadeiro é Endre Ernõ Friedmann. Nascido em Outubro de 1913, o fotógrafo húngaro foi responsável pela cobertura de grandes conflitos da primeira metade do século XX, entre eles a Segunda Guerra Mundial, a Guerra Civil Espanhola, a Primeira Guerra da Indochina e a Guerra árabe-isralense de 1948.
O interesse por meios culturais marxistas surgiu muito cedo, durante os estudos secundários. Ainda muito jovem, em 1930, foi fichado pela polícia e teve obrigatoriamente que se exilar, motivo que o levou a Berlim. Ao chegar na nova cidade, o jovem ingressou na Faculdade de Ciências Políticas, fato que o aproximou muito do meio jornalístico, onde iria trabalhar logo depois. Foi em uma das maiores agências da época, a Dephot – Deutscher Photodienst – que ele começou a atuar.
Em 1934 surge o personagem estadunidense “Robert Capa”, nome que seria lendário no ramo da fotografia de guerra. Foi com a ajuda da Gerda Taro – sua primeira namorada, produtora e fotógrafa – que ele cria essa nova identidade. A escolha deu sorte e com muito pouco tempo Capa ganha notoriedade! Dois anos depois, em 1936, o casal parte para a primeira cobertura fotográfica, da Guerra Civil Espanhola e no ano seguinte Gerda morre no meio do conflito.
O trabalho de repórter fotográfico ficava cada vez mais intenso! Em 1938 o célebre fotógrafo vai à China – para mostrar ao mundo imagens do conflito sino-japonês. Em 1940 ele vai à França e logo depois para os Estados Unidos, onde iniciou o trabalho na revista Life. Inglaterra e Argélia vem logo depois.
Em 1944 Robert Capa torna-se o único a participar da invasão a Normandia “armado” apenas com a sua inseparável máquina fotográfica, mesmo usando farda, capacete e botas de fuzileiro naval. Tornou-se o único a documentar essa batalha histórica, por meio de divulgação das fotos na revista Life.
John Steinbeck, escritor consagrado e vencedor do prêmeo Nobel em 1962, passou um mês – durante o ano de 1947 – ao lado do renomado repórter fotográfico, na União Soviética, para obter material para o livro “Um diário russo”, onde as fotos eram assinadas, claro, pelo lendário Robert Capa.
Ano passado foi lançada no Brasil uma autobiografia de Capa, “Ligeiramente fora de foco”, escrita em 1947, onde ele inclui uma declaração de Steinbeck: Capa sabia o que procurar e o que fazer quando o encontrava. Sabia, por exemplo, que não é possível fotografar a guerra, porque ela é em grande medida uma emoção. Mas ele fotografou essa emoção, ao registrar o seu entorno. Era capaz de mostrar o horror de todo um povo no rosto de uma criança. Sua câmera captava e fazia perdurar a emoção. A obra de capa é ela própria o retrato de um grande coração e de uma arrebatadora compaixão. Ninguém tomará o seu lugar. Ninguém toma o lugar de qualquer grande artista, mas temos a sorte de ter em suas fotografias a qualidade do homem. Trabalhei e viajei muito com Capa. Ele podia ter amigos mais próximos, mas nenhum que o amasse mais do que eu. Ele tinha prazer em parecer displicente, descuidado com seu trabalho. Ele não era. Suas fotografias não são acidentais. A emoção que existe nelas não vinha do acaso. Ele podia fotografar movimento, alegria, desilusão. Podia fotografar pensamento. Ele captava um mundo, e era o mundo de Capa.
Em 1954, já muito famoso, Capa aceita o convite da revista Life para cobrir a Guerra da Indochina. Em busca de melhores ângulos, ele distancia-se dos tanques tripulados por soldados franceses e pisou acidentalmente em uma mina. O corpo do repórter fotográfico mais célebre, que deixou um dos trabalhos mais ousados e marcantes foi encontrado sem uma das pernas, mas com a máquina fotográfica ainda no pescoço.
Ligeiramente Fora do Foco:
Livraria Cultura:
Avenida Senador Virgílio Távora – Aldeota
4008-0800 / 4008-0800
Fotos: Reprodução