
Hoje em dia, muitas mulheres sonham em arranjar um oppa coreano para chamar de seu. Mas, e se ele fizer parte de uma site? Tudo bem que pensar em uma seita coreana comprando uma cidade em outro continente parece enredo de filme de suspense, mas acreditem: é verdade. Você já ouviu falar na seita Moon?
O que é a seita Moon?
A seita Moon, antes conhecida como Igreja da Unificação (e atualmente como Federação das Famílias para a Paz Mundial e Unificação), é um novo movimento religioso fundado na Coreia do Sul em 1954 por Sun Myung Moon.

O “Reverendo Moon” se autoproclamava o novo Messias, enviado para completar a missão inacabada de Jesus Cristo. Assim, ele iria restaurar o mundo ao estado original de pureza, unindo todas as religiões. A teologia central da igreja é baseada no livro “Princípio Divino”, que reinterpreta a Bíblia.
A organização ficou mundialmente conhecida por realizar cerimônias de casamento em massa, unindo milhares de casais simultaneamente, muitas vezes arranjados pelo próprio Moon. Além das atividades religiosas, a Igreja da Unificação construiu um vasto império empresarial global, com investimentos em diversos setores, incluindo mídia (como o jornal Washington Times), indústria pesqueira, imobiliária e até fabricação de armas.
Uma história de polêmicas dentro e fora da Coreia
Ao longo de sua história, a Igreja da Unificação enfrentou inúmeras controvérsias, incluindo acusações de lavagem cerebral de seus adeptos (chamados popularmente de “moonies”), exploração financeira dos fiéis e envolvimento em atividades políticas e financeiras questionáveis. E isso não só na Coreia, mas em vários países do mundo. Hoje, o Japão tenta banir a seita do país, mas antes disso, Moon chegou a ser preso por evasão fiscal nos EUA. Lá, inclusive, a seita coreana tem grande força ainda hoje, mesmo após a morte de Moon em 2012.
Contudo, poucas histórias são tão polêmicas quando a da compra de uma vasta extensão de terras no coração do Paraguai. Essa aquisição gerou, e ainda gera, profundos debates e impactos na vida de milhares de pessoas tanto da Coreia do Sul quanto do Paraguai.
Tudo começou lá no ano 2000. Naquela época, a organização religiosa Associação do Espírito Santo para a Unificação do Cristianismo Mundial, muitas vezes referida como a seita coreana de Moon, adquiriu cerca de 600 mil hectares no Paraguai. A Igreja da Unificação comprou essas terras de um conglomerado agrícola argentino, marcando sua presença de forma significativa na região.

Acontece que, dentro dessa imensa propriedade, está localizada a cidade de Puerto Casado, um porto histórico às margens do Rio Paraguai. E a cidade mais tudo o que estava construído, plantado e quem vivia nela também fizeram parte da negociação. O problema é que nenhum dos moradores da cidade foi consultado sobre isso.
Muita promessa, mas nenhuma entrega da parte da seita coreana
Muitos habitantes de Puerto Casado e comunidades vizinhas viviam ali há várias gerações. Grande parte deles eram ex-trabalhadores de uma antiga empresa de tanino, que explorava madeira na região. No entanto, a maioria dessas famílias não possuía títulos formais de propriedade das terras onde construíram suas casas e suas vidas.

Assim, durante a negociação e nos primeiros meses após a compra, a seita coreana declarou intenções nobres para a área. Eles falavam em transformar a região, tradicionalmente esquecida e com pouco desenvolvimento, em um polo agrícola e um modelo de progresso. Prometiam um “paraíso” e uma base para seus seguidores, com o objetivo maior de alcançar a “paz mundial”.
Contudo, para os moradores de Puerto Casado, a realidade se desenhou de forma bem diferente. Rapidamente, eles sentiram o impacto da chegada dos novos e poderosos proprietários. Isso porque a maioria dessas famílias não possuía títulos formais de propriedade das terras onde construíram suas casas e suas vidas. Consequentemente, o medo do despejo e da perda de seu lar se tornou uma sombra constante.
Em resposta, a comunidade se organizou. Houve protestos e longas marchas até Assunção, a capital, buscando o reconhecimento de seus direitos. Ainda hoje, legalidade da transação e a posse efetiva das terras continuam sendo pontos de grande discórdia.

Aliás, não só a comunidade paraguaia. Afinal, a seita coreana também comprou largas extensões de terra em outros países latinos, até mesmo no Brasil! Pouca gente sabe, mas uma vasta região da fronteira entre Brasil e Paraguai, no estado do Mato Grosso do Sul, são da seita de Moon.
O que será que esses coreanos querem neste lado tão distante do mundo?
Fotos: Reprodução