Com essa enorme propagação de tablets e smartphones, e ainda mais com internet com velocidade cada vez maior para esse tipo de aparelhos, fotos de todos os tipos pipocam a todo momento nas redes sociais.
Fotos de bichinhos e bebês e crianças são as mais curtidas, mas também, quem resiste a um cachorrinho fofo ou a um bebê gordinho e gostoso? Porém, uma pergunta fica no ar, onde fica a privacidade dessas crianças? Será que faz bem ou faz mal expô-las desse jeito?
É bem verdade que na maioria das vezes os pais não fazem isso por mal, é apenas vaidade de papais babões querem mostrar para os amigos e para o mundo o quanto seus filhos são lindos.
Na Holanda, essa questão acabou virando um dilema após uma designer de 25 anos, Laura Cornet, preparar uma linha de brinquedos interativos na qual um deles é um móbile cuja câmera de vídeo envia automaticamente imagens do berço para o Facebook.
Essa linha foi feita como trabalho de conclusão de seus estudos em desenho industrial e tinha exatamente o objetivo de criticar a exposição de crianças em ferramentas de mídia social. Porém, o que Laura não esperava era que sua tese acabasse despertando interesse comercial depois de seu trabalho ter sido exposto na Semana de Desenho Industrial de Eindhoven, na Holanda, um dos principais eventos de design do calendário Europeu. E foi isso o que aconteceu.
“É um dilema moral. Minha intenção inicial foi justamente expressar uma crítica a pais que postam fotos de seus filhos nas mídias sociais sem refletir sobre a privacidade das crianças. Por outro lado, há o sucesso potencial de um produto criado por mim e que pode impulsionar minha carreira como designer. O consolo é que não preciso adotar nenhuma atitude extrema”, admite a designer, em entrevista à BBC Brasil.
Porém, Laura já está fazendo um ajuste no novo protótipo do móbile, a postagem automática será eliminada e as fotos serão enviadas para os telefones ou tablets dos pais. “Não tenho a pretensão de querer aconselhar alguém sobre como lidar com filhos e mídias sociais, mas ao menos posso sugerir o debate”, completa a holandesa, que ainda não tem filhos.
Cornet também criou um painel de berço que tira uma ‘selfie’ todas as vezes em que o bebê gira uma espécie de bola acoplada, um sapato que registra o número de chutes e movimentos de pernas – fazendo upload dos dados – e uma chupeta com localizador por satélite (GPS).
A ideia do projeto surgiu depois que ela começou a observar sua conta no Facebook. “Comecei a ver mais e mais fotos de bebê. Aquilo me fez pensar se não era estranho estar mexendo com a privacidade de alguém que não está a par de como eu e quem mais tivesses acesso às fotos estava simplesmente vendo tudo sobre a vida dele ou dela. E como os bebês não tinham uma chance de decidir.”
A designer também recebeu críticas pelo seu trabalho. “Houve gente me mandando emails irritados e me acusando de estar fornecendo mais um veículo de invasão de privacidade. Fui chamada de pervertida e tudo”, explica Cornet. “Mas a reação que mais me surpreendeu foi mesmo a de pais que imediatamente quiseram saber quando os brinquedos estariam à venda.”
Entretanto, Laura acredita que os brinquedos podem ser ajustados para utilidades bem mais práticas e acabar ajudando os pais em alguns momentos. “O móbile, por exemplo, pode servir como uma babá eletrônica. O importante aqui é sabermos que nosso controle sobre como alguém vai usar uma tecnologia é muito menor do que pensamos”, acredita a holandesa, que espera ter uma versão comercial pronta nos próximos meses.
E você? O que acha desses novos produtos? E como lida com a questão da privacidade na sua casa e com sua família? Conta pra gente!
Fotos: Reprodução