Essa semana nossa coluna Tattoodo Hype está mais do que especial. Isso porque vai rolar um bate-papo muito bacana com ninguém menos do que o tatuador Amilton Inácio, fundado de um dos estúdios de tatuagem mais renomados, conhecidos e por que não, históricos de Fortaleza: o Santa Tatuagem.
Localizado na avenida Dom Luís, o Santa Tatuagem cresceu junto com o mercado da tatuagem em Fortaleza, sempre trazendo a avant garde das tatuagens para a cidade. E Amilton sempre acompanhando de perto cada novo passo desse mundo. Na nossa conversa, ele fala sobre quem o influenciou, sobre o mercado de tattoos em Fortaleza e mais. Com vocês, toda a arte de Amilton Inácio:
Pátio Hype: O que mais te encanta em ser tatuador?
Amilton Inácio: O que mais me encanta em ser tatuador é a admiração e o respeito que as pessoas tem pelo seu trabalho e essa coisa de você poder ir para qualquer parte do mundo e conseguir mostrar o seu trabalho em outras culturas, outros países.
Conta um pouco da sua história para a gente?
Minha história começou com a arte há 12 anos. Comecei a desenhar bem jovem ainda, mas também fui vendedor, pintor-letrista, até me encontrar no mundo da tatuagem.
Como vocês lidam com a questão do direito autoral na tatuagem? Vocês copiam desenhos ou apenas fazem desenhos originais?
Hoje em dia, a globalização e o acesso que temos a diversos artistas, fez com que fossemos para um caminho muito legal que permite a criação. Com isso, a maioria das pessoas não chega mais nos estúdios de tatuagem pedindo um catálogo e desenhos já prontos, mas trazem suas ideias para que o artista crie uma tatuagem exclusiva. Aqui no Santa, por exemplo, nem temos um catálogo onde o cliente possa escolher uma tatuagem e fazer na hora.
Nós respeitamos muito a criação de outros artistas e trabalhamos, na maioria das vezes, com criações próprias. As que não são criações, geralmente são símbolos que já existem e assinaturas de pessoas, por exemplo. Mesmo assim, o tatuador ainda consegue fazer pequenas modificações e colocar o seu estilo no trabalho que faz.
Atualmente, há estúdios de tatuagem abrindo em Fortaleza quase todo mês. Como você vê esse mercado aqui na cidade hoje em dia?
Nos últimos anos o número de estúdios de tatuagem vem crescendo bastante mesmo. Boa parte deles são de tatuadores antigos, que resolveram ter o seu próprio espaço e a maioria deles tem uma qualidade muito boa. Esse é um mercado que tem espaço para todos, cada tatuador tem um estilo próprio e o cliente vai escolher por um profissional que se identifica, que admira mais.
Quais tatuadores cujos trabalhos você mais admira?
Existem tatuadores incríveis que, depois do Instagram e Facebook, pudemos conhecer mais. Pessoas que já eram boas, mas só agora temos acesso, como o Steve Butcher, que trabalha com realismo e é um profissional excelente! Mas, o que mais me admira são os mestres tatuadores, os mais antigos, que vieram dos primórdios do tatau (que utiliza ossos finos como agulhas) e do estilo trabalho tribal, que foram as primeiras tatuagens existentes.
Existe todo um ritual para se tornar um tatuador de tribal tatau e um tatuador japonês tradicional de tebori (técnica sem máquinas, com as mãos) e esses são os que mais admiro porque tem toda uma magia e filosofia por trás da tatuagem.
Tem algum desenho/tatuagem que você tenha feito e que se tornou marcante para você?
Recentemente fiz uma viagem de pesquisa tanto de tatuagem como de equipamentos para o Santa. Lá pude fazer uma tatuagem com um mestre tatuador de uma das ilhas do Pacífico e o método foi como as tatuagens tradicionais antigas, com o tatau. As agulhas ficam em fileiras, vinculadas a uma longa alça de madeira e o mestre vai desenhando na sua pele com a mão e não com a máquina. Nessa tattoo, ele perguntou sobre minha vida e em cima de todas as informações que ele captou, fez a minha tattoo. Uma tatuagem única, só minha, com toda a minha história dentro e feita por um mestre. Foi gratificante! Depois dessa viagem eu entendi plenamente a filosofia da tatuagem.
Como lidar com o preconceito que, apesar de ter diminuído bastante, infelizmente ainda existe em relação à pessoas tatuadas?
Hoje em dia diminuiu bastante o preconceito com pessoas tatuadas e aumentou a admiração pelo trabalho dos bons tatuadores. Mas, infelizmente, ainda existem que acham que a tatuagem ainda é uma coisa marginalizada. Há poucas semanas passei por uma situação em que eu estava tentando fechar um negócio e a pessoa me disse que em sua empresa não trabalhava ninguém com tatuagens. Por mais que fossem escondidas, um dos requisitos era não ter tatuagem. Então, eu pensei “poxa que pena que você tem uma cabeça tão fechada e que pena que você é tão pobre culturalmente”. Hoje em dia a maioria das pessoas é tatuada, é uma coisa super comum. Apesar do preconceito de um ou outro, acho que já estamos bem evoluídos com relação a isso.
A arte de Amilton Inácio
Serviço
Amilton Inácio
Instagram: @amiltoninacio
Santa Tatuagem
Av. Dom Luís, 300 – loja 118
Telefone: (85) 3244-7274
Facebook: @santatatuagem
Instagram: @santatatuagem
Fotos: Reprodução