Depois de meses de planejamento, a empresária, publicitária e apresentadora Márcia Travessoni mostra ao público o maior seminário de Moda do Nordeste, o MaxiModa. Esse ano, a abertura ficou por conta da jornalista do Sistema Verdes Mares, Cíntia Lima. Além da imprensa e dos estudantes de moda, estavam presentes também funcionários de grandes empresas que trabalham no segmento da moda. Segundo Márcia Travessoni, 90% das inscrições foram feitas por meio das empresas do ramo da moda.
Para dar início ao ciclo, Daniel Funis, responsável pelas operações da Farfetch no Brasil desde 2011. A questão chave da palestra de Daniel Funis foi o crescimento do e-commerce. Segundo Funis, a cada dia, existe por parte dos empresários a necessidade de olhar para essa possibilidade como uma das mais rentáveis e procuradas por consumidores exigentes. Os números estão aí para provar: em 2010 foram comercializados 23 milhões em vendas online. Já esst ano, o valor chega a 43 milhões. “Em quatro anos, o e-commerce será tão ou mais importante que o mercado real”, explica Funis.
A moda, claro, é um dos segmentos mais procurados também no mercado online e movimenta – no Brasil – 2 bilhões de reais por ano. Nos Estados Unidos, esse tipo de mercado representa 9% das transações realizadas. Em todo o mundo, 68% das vendas – de alguma forma – contam com a ajuda dos meios virtuais.
“O futuro é uma mescla disso: compras online e offline. As empresas vão transitar bem entre esses dois mundos”, diz Funis. E é justamente isso que a Farfetch faz. Com 2,5 milhões de visitantes, a empresa une as melhores multimarcas do mundo e conta com 70% do público feminino com mais de 30 anos e pertencente a classe A.
Para Flávio Rocha, Vice-Presidente do Grupo Guararapes, maior confecção de vestuário da América Latina, a democratização da moda nunca esteve tão viva como nos dias atuais. Segundo o empresário, a nova classe média tem um peso fortíssimo sobre essa constatação. São 53,9% da população que hoje tem mais força de consumo, o que representa 104 milhões de pessoas comprando além das que sempre tiveram esse hábito.
O Grupo Guararapes tem, em toda sua cadeia produtiva, 40 mil funcionários, em 6 unidades de produção, com 150 lojas em 24 estados do Brasil. A velocidade de produção e das vendas é altíssima e a tendência é que venha a crescer ainda mais. Em oito anos, o público feminino gastou 218% a mais com beleza e moda que nos anos anteriores – o que mostra que as roupas surgem não apenas como uma necessidade de vestir o corpo, mas principalmente como uma forma de expressão.
“A missão da Richuelo é dar condições aos brasileiros de se expressar por meio da moda – isso é a democratização do segmento”, alerta Flávio Rocha, que diz ainda que não existe nada mais dinâmico que nosso senso fashion. Além da preocupação com a democratização da moda, a Riachuelo – segundo Flávio – tem a preocupação também com a sustentabilidade e a preservação do planeta.
A palestra mais irreverente, sem dúvidas, ficou por conta de Rony Meisler – sócio-fundador da Reserva. Sempre muito polêmico, Rony é despachado e sempre faz sucesso com a plateia. Para ele, a roupa surge como uma forma de comunicação e, por isso, enxerga a Reserva bem mais como uma empresa de Comunicação do que uma empresa de moda, como muitos acham. “A Reserva é uma marca em que o homem se identifica e faz trocas com ela e não um lugar inatingível”, revela Rony. De acordo com Rony Meisler, o Brasil ainda é um dos países mais hostis para fazer negócios é preciso que haja “calor” no contato entre empresa e consumidor.
A Reserva conta com 26 lojas, 427 funcionários, 987 multimarcas e até o começo desse ano já vendeu 1.700 peças. Sem falar na parceria com o apresentador Luciano Huck, que veste em seu programa camisas comercializadas na Reserva.
Para encerrar o ciclo de palestras do MaxiModa 2012, o palestrante mais esperado: o jovem e talentosíssimo estilista, Pedro Lourenço. Aos 21 anos, o filho de Gloria Coelho e Reinaldo Lourenço é sucesso absoluto no mundo da moda, onde estreou aos 12 anos. Ah! Atualmente, Pedro também faz parte do line up da Semana de Moda de Paris.
“Eu sei que organização é muito importante no mundo da Moda e tanto a produção quanto o mostruário são feitos no Brasil. Não acredito na China. O problema não é a China, mas as condições que o país tem. Só fiz trabalhos para a Riachuelo porque sei das das boas condições que a marca tem. Hoje, no Brasil, temos problemas com a produção e com a mão de obra escassa… Todo mundo que ser blogueiro e estilista. No Brasil, a gente tem que ter cuidado para não virar vítima”, diz Pedro.
Pedro Lourenço tem como base o feeling da mãe, que se baseia no abstrato e traduz o que vê. “Ela, assim como eu, tem o potencial imenso de ver o que será o próximo”, explica o jovem estilista. Quando perguntado sobre o orgulho, ou não, de ver a diva Lady Gaga usando uma de suas criações ele é firme “Ela é uma pessoa que admiro, que expressa sua opinião – que é bem diferente da minha. Mas, daí é que é bom: as pessoas serem diferentes. Na verdade, o que me da prazer não é ver uma celebridade usando minhas roupas e sim uma pessoa normal”.
Mas, ao ser questionado sobre o uso de peles, Pedro Lourenço preferiu dizer que ainda não tem uma opinião muito forte sobre o assunto. Mas, que está estudando para ter um posicionamento mais certo a respeito. Mesmo assim, ele diz que adora criações com pele, mas que sabe que a tendência é parar de usa-las em suas criações.
Moda, marketing, cases interessantes e números sobre o mercado que mais faz girar a economia do Brasil e do mundo foram os grandes assuntos do MaxiModa 2012!
Mais fotos do MaxiModa 2012:
Fotos: Aline Paiva