Urbanistas questionam construção de viadutos na cidade

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Trânsito lento, pouca integração entre sistemas de transporte e ausência de um planejamento que atenda às atuais demandas da cidade. Esses e outros problemas foram debatidos durante seminário realizado na manhã de ontem para discutir a mobilidade urbana de Fortaleza. O espaço, destinado a representantes da Prefeitura e da iniciativa privada, acadêmicos e estudantes, também foi de questionamento sobre a construção de viadutos como solução para a malha viária da Capital.

“Aproveitamos as circunstâncias e a discussão atual para chamar atenção do público”, relata Paulo Angelim, presidente da Câmara Setorial da Indústria Imobiliária e organizador do seminário, fazendo referência ao projeto de dois viadutos no entroncamento das avenidas Engenheiro Santana Junior e Antônio Sales. Logo no início do evento, a ex-prefeita de Fortaleza Maria Luíza Fontenele se pronunciou contra a remoção de manifestantes acampados no Parque do Cocó durante a madrugada de ontem. Os protestos eram contra a derrubada de árvores para a construção dos viadutos.

De acordo com o arquiteto José Sales, também professor de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal do Ceará (UFC), a construção de viadutos é questionada por urbanistas por configurar uma intervenção pontual e de pouca resolução para os gargalos do trânsito em vários outros pontos. “Um viaduto é o caminho mais rápido para o próximo engarrafamento”, afirma. Sem planejamento adequado, segundo ele, as gestões municipais vêm reutilizando mapeamentos feitos há mais de 40 anos, sem acompanhar as necessidades da população nem a opinião de profissionais e acadêmicos.

Questão ampla
Já para Hector Isaías, estudante de Arquitetura e Urbanismo da UFC, a mobilidade urbana é uma questão ampla para além de problemas de quem trafega de carro. “A demanda não é por viadutos ou soluções pontuais, mas por boa qualidade para o passeio a pé e para alternativas que utilizem pouca energia e sejam menos poluentes”, exemplifica. “A cidade é composta por vários outros sistemas, e é assim que deve ser pensada”, acrescenta.

“Os carros só vão sair das ruas quando tivermos boas alternativas de transporte público”, pontua Roberto Resende, secretário executivo da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinf).

Obras de integração para o transporte coletivo de Fortaleza em fase de licitação e captação de recursos foram apresentadas durante o seminário. Segundo o secretário, viadutos e túneis apenas integram obras maiores da cidade.

 

Fonte: O Povo
Foto: Reprodução

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