A sociedade, de um modo geral, há bastante tempo é atormentada pelo fantasma da dependência química. Infelizmente o assunto sempre é destaque nos veículos de comunicação em todo o Brasil. O problema, que é considerado uma doença, é epidêmico. Famílias de todas as etnias e classes sociais podem ser acometidas pelo mal e o número de usuários de substâncias tóxicas é cada vez maior no País, chegando a índices preocupantes.
Não é fácil tratar esta doença, pois as reincidências são altas, especialistas afirmam que praticamente metade dos usuários tem uma recaída nos primeiros seis meses e 90% no primeiro ano. No entanto, um estudo realizado pela Universidade Federal de São Paulo oferece uma nova esperança aos dependentes químicos e suas famílias.
O estudo associou o uso da ibogaína ao tratamento da dependência química. A substância é extraída da raiz da iboga, arbusto encontrado em países africanos, e foi testada em 75 pacientes (oito mulheres e 64 homens) viciados em drogas. Ao fim de um ano, 72% deles permaneceram longe dos entorpecentes.
A planta iboga (Tabernantheiboga), que é considerada sagrada pela tradicional e antiga religião Bwiti, é capaz de eliminar a crise de abstinência do usuário, principalmente nos dependentes de opiáceos, cocaína, crack e álcool. De acordo com a bióloga Izabella Scalabrini, pofessora da PUC Minas, a substância, purificada em pó, está sendo usada para tratar dependentes químicos, mas, somente o princípio ativo não garante a total eficácia do tratamento, pois também são necessárias sessões de psicoterapia.
O medicamento usado no estudo é produzido no Canadá, país em que a iboga é aprovada e usada em tratamentos contra dependência química. No Brasil, não há uma regra que regulamente a substância mas, caso ela seja receitada por um médico poderá ser importada.
A pesquisa foi publicada no fim de setembro na revista científica britânica Journal of Psychopharmacology.
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