A Secretaria da Educação (Seduc) entende que a construção de uma sociedade mais justa passa pela erradicação do racismo. No sentido de contribuir para o combate desta forma de discriminação social, será promovida, nesta sexta-feira (19), às 16 horas, a webinar “Educação e racismo estrutural”, voltada à toda a comunidade escolar, concluindo a programação dos “Diálogos sobre Educação Inclusiva” realizados ao longo desta semana. Participam do encontro virtual as professoras Zelma Madeira e Cícera Barbosa, além das estudantes Aisha Paz e Eva Vitória Silveira, que trarão experiências e propostas a respeito do tema.
Zelma Madeira, coordenadora especial de Políticas Públicas para Promoção da Igualdade Racial do Governo do Ceará, sustenta a necessidade de pautar a desnaturalização do racismo nos ambientes educativos e institucionais.
“Temos que trazer para o centro do debate a questão racial, que tem pelo menos 90 anos de silenciamento no Brasil. O racismo estrutural tem suas raízes no processo de abolição da escravatura. Sabemos que a maneira de tratar os negros escravizados era uma e, após a abolição, esse tratamento ganhou uma ‘sofisticação’, sempre revestido de desigualdades. Precisamos entender como o racismo acontece dentro do sistema educacional e encontrar meios de resistir a isso, vencendo a luta antirracista”, considera.
Cícera Barbosa, professora de História nas escolas Escolas Poeta Patativa do Assaré, Dona Júlia Alves e Santo Amaro, em Fortaleza, defende a ideia de ampliar a conscientização do tema para além dos muros escolares.
“A sociedade precisa repensar os seus privilégios para a branquitude. Autores negros precisam perpassar todas as disciplinas e a educação antirracista não deve ser responsabilidade apenas dos professores negros, ou da disciplina de História. Precisamos discutir essa temática no ano todo. Tivemos 388 anos de escravidão e a nossa sociedade ainda reproduz hábitos do colonialismo. Temos que dar outra resposta”, avalia.
Posicionamento
Aisha Paz, de 17 anos, estudante da 3ª série do curso técnico em Enfermagem na Escola Estadual de Educação Profissional (EEEP) Paulo VI, em Fortaleza, argumenta que não basta não concordar com o racismo, sendo necessário também lutar contra a discriminação social e assumir um posicionamento.
“Infelizmente, a gente vive em uma realidade em que a maior parte da população não teve acesso a uma educação de qualidade. E que, por isso, acaba reproduzindo agressões para determinadas minorias como o povo preto, as mulheres e a comunidade LGBTQI+. É uma verdade que precisamos reconhecer: a educação é poderosa. E a escola pode atuar como agente antirracista e anti-violência no processo de formação de novas gerações. Tenho muito orgulho da educação pública pelo seu caráter inclusivo e diverso, e acredito que podemos dar esse passo à frente juntos”, ressalta.
Eva Vitória, de 17 anos, aluna da 3ª série do Ensino Médio na Escola Integrada 2 de Maio, em Fortaleza, sugere que o núcleo gestor das unidades de ensino e os alunos negros e descendentes de indígenas formem grupos étnicos para lutar por direitos de igualdade.
“Podemos fazer palestras e incentivar conversas individuais com alunos que sofreram ou ainda sofrem racismo. Temos que ensinar desde a Educação Infantil, para as crianças, o que é o racismo e os traumas que ele pode causar. É muito importante que, desde cedo, se saiba que, independentemente da sua cor, você não pode ser tratado com indiferença”, explica.
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