Quando alguém que conhecemos perde algum ente próximo, o ritual que todos nós conhecemos costuma ser seguido: primeiramente, o corpo é velado para que parentes e amigos possam se despedir e chorar a tristeza de ter perdido alguém muito querido. Depois, ou o corpo é enterrado ou ele é cremado, e as cinzas, geralmente jogadas sobre algum lugar importante para quem faleceu.
Ao redor do mundo, essa tradição varia pouco. Mas não para os torajanas. Os integrantes dessa tribo da Indonésia mantém seus parentes mortos em casa por até um ano…
A tribo dos torajanas – sim, ela existe! – viva em Toraja, uma região isolada da ilha Sulawesi, na Indonésia. Além de ter cenários naturais incrivelmente lindos, a região é conhecida pela prática curiosa dos torajanos em relação à morte de seus parentes. Para começar, eles têm a crença de que a morte não é o fim da vida, e sim, apenas uma passagem, uma espécie de transição.
Pois bem, partindo desse pressuposto, os rituais de funeral levam dias, meses, e até mesmo anos para ficarem prontos. Isso por que vários são os “eventos” (oi?) relacionados. para começar, é preciso sacrificar um búfalo, por que se em vida o homem tratou bem o animal, na morte ele também deveria morrer para levar a alma de seu dono ao céu. Nesse caso, o sacrifício do búfalo também demonstra o status do morto: quanto mais búfalos sacrificados, mais rido e poderoso ele era.
O sacrifício também cumpre certa função social: a tribo torajana não tem muito dinheiro e sobrevive basicamente da subsistência. Então, o búfalo morto é devidamente dividido entre todos os integrantes da tribo. Detalhe: o número mínimo de sacrifícios considerado aceitável para um funeral digno é de três búfalos. Já houve casos em que mais de cem animais foram sacrificados. Imagina a importância desse falecido???
Mas não é só isso! (cuidado, cenas fortes no vídeo a seguir!)
É construída uma imensa estrutura em bambu para abrigar todos os relacionados ao funeral. Só essa construção leva, no mínimo, sete dias, e abriga até 500 pessoas! Esse é o ponto alto (oi de novo?) do evento. Todo comem e bebem para homenagear o morto – que na verdade não é considerado morto ainda, mas sim muito doente.
Aliás, a pessoa só é considerada morta quando os ritos funerais começam. Durante essa preparação toda, o morto é considerado apenas muito doente, e é tratado como alguém doente, com remédios, comida e bebida (mas gente?). É como se fosse uma espécie de zumbi, um Walking Dead da vida real, mas sem sair por aí querendo comer os miolos de ninguém. E sim, durante todo esse tempo, os corpos ficam em casa normalmente, embalsamados com formol para evitar a decomposição.
E engana-se quem pensa que os torajanos torcem para que alguém morra só para celebrar. Eles fazem de tudo para curar a pessoa enferma, chegando a buscar ajuda fora da ilha se necessário. Acontece que quando alguém morre, a tristeza é profunda, mas a forma deles lidarem com a morte é completamente diferente da nossa. E claro que essa história de ficar com os mortos em casa gerou um tipo bem esquisito de turismo na região: o fúnebre. Isso mesmo, tem gente que vai até a tribo só para ver de perto como são esses rituais.
Que doido!!!
Fotos e vídeo: Reprodução