Cartas de amor, cartas oficiais, cartas dramáticas… Seja qual for o teor do assunto, as cartas são consideradas o meio de comunicação mais antigo do mundo. Depois veio o telefone e com a evolução tecnológica, hoje em dia, tudo se resolve através do computador, tablets ou aparelho celular.
Mas apesar de tantos aspectos incríveis que a tecnologia nos proporciona, existem alguns ônus a serem considerados, como o de crianças que criam hábitos de digitar errado e, pior ainda, nem criam o costume de ler e escrever, ficam apenas no universo digital.
Para uma geração com e-mails e contas em redes sociais desde cedo, se comunicar por cartas não parece uma opção muito viável. No entanto, escolas de vários estados do Brasil montaram no último ano projetos de correspondência “à moda antiga”, o que despertou o interesse dos alunos.
A troca de cartas ocorre entre turmas de diferentes cidades, estados e até países. O objetivo é fazer com que os alunos consigam ver a necessidade de ser claro, de saber se expressar pela forma escrita. Um exemplo de escola que testou esse método com sucesso está em Bariri (SP).
Na cidade com cerca de 30 mil habitantes, a professora de língua portuguesa Meire Fiuza Canal promove as trocas entre alunos do ensino fundamental de duas escolas estaduais. Ao longo dos últimos dez anos, a professora testou vários formatos e hoje aponta o que funciona melhor: aquele que estimula de fato a curiosidade do aluno e a preocupação com o interlocutor.
Por isso, a troca de cartas entre estudantes de escolas ou cidades diferentes tende a dar melhores resultados do que, por exemplo, pedir que as correspondências sejam escritas para familiares, pessoas que os alunos já conhecem e que muitas vezes não participam ativamente da troca.
Em Jaú, também em São Paulo, o projeto “Cartas trocadas, histórias compartilhadas” teve uma resposta bastante positiva. O sucesso da iniciativa foi tão grande que agora 13 escolas da cidade se correspondem entre si e no momento utilizando como base as histórias do escritor Monteiro Lobato.
O aluno Marcos Galacini, de 11 anos disse, em entrevista ao G1, que quando começa a escrever a carta, percebe que vai mudando muito em relação a quando está no computador.
Para os professores, a iniciativa dos projetos de troca de cartas faz com que os alunos tenham contato com experiências que dificilmente teriam se ficassem apenas conectados nas redes sociais.
Afinal, a Internet pode até ser uma excelente ferramenta de conexão, mas na maioria das vezes ficamos presos ao que já conhecemos, conversando com quem já temos contato. Com esses projetos, os alunos podem ter outras perspectivas de mundo.
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