Durante a Olimpíada Rio 2016 os olhares ficaram atentos não apenas às modalidades de esportes favoritos e as premiações conquistadas ou aos esbeltos corpos dos atletas. Em um espetáculo onde o que mais se viu foram músculos e preparo físico, os considerados acima do peso conseguiram roubar a cena, atrair olhares comentários.
Teresa Almeida, goleira da Angola, e Robel Kiros Habte, nadador da Etiópia, foram os nomes que se destacaram e que fugiram à regra do peso ideal. Ela com seu 1.70m e 98 kg, ele com 1.76m de altura, garantindo pesar 81 kg, tinham em comum o físico fora do “padrão” para a modalidade em que competiam.
E que maravilha isso, não? A nutricionista comportamental Patrícia Cruz acredita que o problema não está no peso de cada individuo e sim em impor uma imagem corporal ideal ou um número de manequim.
A especialista, que faz parte do Departamento de Nutrição da Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO), afirma que apoia a iniciativa da moda plus size. “O tamanho plus size é uma necessidade nesse mundo gordofóbico. É justo que pessoas acima do peso ou obesas possam se vestir e escolher suas roupas tanto quanto pessoas magras.” – ressalta Patrícia.
◊ Peso x Saúde
Segundo Patrícia Cruz, a obesidade é uma doença crônica em que o indivíduo acima do peso apresenta um quadro clínico crônico. No entanto, a nutricionista afirma que alguns estudos sugerem que é possível alguns obesos serem metabolicamente saudáveis. Nesse caso, eles não apresentam alterações na glicemia, no colesterol ou na hipertensão arterial.
Para Patrícia o excesso de peso traz várias comorbidades (coexistência de transtornos ou doenças) como osteoarticulares, colunopatia, dores nas articulações, entre outras. Além disso, há ainda a pressão social que a obesidade causa e que, muitas vezes, pode levar a quadros depressivos. Por isso, nesses casos, é preciso tratar da redução de peso, pois a obesidade se torna um sinônimo de não ser saudável.
◊ Dificuldade em reduzir peso
A obesidade é de causa multifatorial, há influência da genética, de fatores emocionais e do estilo de vida (alimentação e prática de atividade física). Patrícia Cruz afirma que algumas pessoas comem pequenos volumes, pensando somente no valor calórico e não se preocupam com a qualidade da dieta. Nesse caso, a dieta se torna insatisfatória para redução de peso. “Muitas vezes a redução do consumo calórico não é suficiente, é preciso aumentar o gasto por meio da prática regular de atividade física.” – explica a nutricionista. No entanto, há doenças genéticas que também dificultam a redução ponderal.
◊ Erros cometidos ao tentar reduzir peso:
– Acreditar que dietas milagrosas existem;
– Não procurar ajuda de especialistas;
– Começar um “regime”, sendo que o ideal é fazer um plano alimentar compatível com a rotina diária;
– Estabelecer um peso ideal incompatível com sua forma física.
Em uma era em que quebrar tabus vem se tornando a palavra de ordem e que os modelos plus size ganharam espaço para acabar com o padrão de magreza e o dito peso ideal, mostrar que não é o número que aparece na balança que delimita a capacidade de nenhuma pessoa foi uma grande demonstração de sucesso para alguns atletas.
Teresa Almeida e Robel Kiros Habte são uma prova de que nem sempre o estado magro corresponde unicamente como forma de saúde ou capacidade de produzir bons resultados olímpicos.
Fotos: Reprodução.