Xingu x Belo Monte – O embate continua

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Por não estar em evidência tanto quanto estava há alguns meses, muita gente deve pensar que as discussões e protestos em torno da construção da hidrelétrica de Belo Monte acabaram. Engano! É cada vez mais forte a presença dos vários movimentos que se organizam contra a construção da usina e, também, o apoio de autoridades e artistas que se posicionam contra a obra.

Durante a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio +20, os grupos que lutam contra a construção da Belo Monte realizaram em Altamira, Pará, o Xingu +23, evento que marcou a primeira vitória dos povos contra o projeto de barramento do Rio Xingu em 1989, após o histórico 1º Encontro dos Povos Indígenas do Xingu. O Xingu +23 recebeu o apoio de Gilberto Gil, Marina Silva, Arnaldo Antunes, Leonardo Boff e outras autoridades e celebridades.

O cantor Gilberto Gil inclusive cedeu a música “Um sonho” (Parabolicamará, 1992) para que fosse transformada no clipe do encontro. O Xingu +23 foi organizado pelo Movimento Xingu Vivo para Sempre (MXVPS), “um coletivo de organizações e movimentos sociais e ambientalistas da região de Altamira e das áreas de influência do projeto da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, que historicamente se opuseram à sua instalação no rio Xingu”.

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“Lutamos pela vida do rio Xingu, dos povos da Floresta e da Amazônia. Somos contra a construção da hidrelétrica Belo Monte, que tem previsão de investimentos em torno de R$ 30 bilhões, deslocamento compulsório de mais de 30 mil habitantes e a migração de cerca de 200 mil pessoas para a região de Altamira. O projeto incide sobre 9 Terras Indígenas, populações ribeirinhas, famílias agricultoras, populações urbanas e rurais das cidades de Altamira, Senador José Porfírio, Anapú, Vitoria do Xingu, Brasil Novo. Ameaça sítios arqueológicos, espécies ameaçadas de extinção, biomas de altíssima biodiversidade e paisagens únicas”, informações da página do movimento no Facebook.

Em maio, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Delcídio do Amaral, disse no Senado, que o país precisa de Belo Monte para continuar crescendo e que uma alternativa seriam as termelétricas, só que elas são mais prejudiciais ao meio ambiente. “Para não inundar os locais onde vivem cerca de 225 índios, será construído um canal que custará cerca de R$ 2 bilhões”, disse, acrescentando que Belo Monte vai beneficiar 60 milhões de pessoas.

Canteiro de obras da Belo Monte.

Rio Xingu
Segundo informações do MXVPS, o Rio Xingu tem 2,7 mil quilômetros. Ele corta o nordeste do Mato Grosso e atravessa o Pará até desembocar no rio Amazonas, formando uma bacia hidrográfica de 51,1 milhões de hectares (o dobro do território do Estado de São Paulo) que abriga trechos ainda preservados do Cerrado, da Floresta Amazônica e áreas de transição.

A Bacia do Rio Xingu é única no planeta: mais da metade de seu território é formada por áreas protegidas. São 27 milhões de hectares de alta prioridade para a conservação da biodiversidade, abrigando 30 Terras Indígenas e 12 Unidades de Conservação. Belo Monte será a terceira maior hidrelétrica do mundo, e a maior usina inteiramente brasileira. Sua geração de energia corresponderá a 10% do consumo nacional.

A usina começou a ser pensado em 1975, com estudos de inventário da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu e começou a ser viabilizada em janeiro de 2011, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Federal (PAC).

O que você acha da construção da hidrelétrica de belo monte: um exagero desnecessário que vai colocar em risco a vida das florestas, das comunidades tradicionais de tribos indígenas da região? Ou uma obra necessária para o desenvolvimento do país, como afirma o Governo?

 

Fotos e vídeo: reprodução

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