Por Thiago Silveira
Se esse baobá falasse… Mas fala! A árvore centenária, símbolo nacional de Madagascar, é o monumento vivo que acolhe os visitantes do Passeio Público, e conta a história de um lugar que insistiu em permanecer vivo, mesmo sendo em um período da história, sinal de morte.
A praça é o nosso primeiro destino da série Fortaleza Verde, um apanhado de lugares que visitamos e que são opção de contato maior com a natureza e refúgio de toda a agitação da cidade. Todas as quartas, um novo lugar “dessa Fortaleza” que a cada dia é mais de pedra, mas que ainda respira ar puro em lugares que resistem sufocados com o crescimento da especulação imobiliária.
Um Patrimônio
Mesmo tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 13 de abril de 1965, o Passeio Público passou um bom tempo esquecido pelos fortalezenses. A falta de segurança e infraestrutura distanciavam as pessoas do lugar. Depois da revitalização, em 2007, o público começou a ocupar mais uma vez a praça que oferece acesso à internet, um quiosque e atrações musicais no final de semana.
Tudo verde
A natureza é a marca do reduto no centro da cidade. Além do baobá centenário, árvore trazida e plantada em 1910, pelo Senador Pompeu, palmeiras, trepadeiras, flores dão o tom romântico, acolhedor e acalentador do lugar. Ótimo para encontrar os amigos, como lembra a estudante Ana Ximenes: “Quando estou lá a vontade que tenho é de ter mais e mais pessoas queridas por perto”.
Mas quem está sozinho também não precisa fazer cerimônias, pois o Passeio Público acolhe todo mundo, abraça em seu espaço com vista pro mar lá de longe. O infinito do mar e o silêncio da praça que se cruzam. O mar sempre ao longe, inspirando; o silêncio, quebrado, apenas, pelo canto dos pássaros e o barulho do vento que bate nas árvores que não falam. Mas falam!
“Aqui me sinto bem, confortável, em paz. Me proporciona a esperança de que um dia a cidade toda pode ser dessa forma e, ao mesmo tempo, me reabastece de coragem para cuidar mais do meio ambiente e tentar passar isso para as pessoas”, lembra Ana, que sempre que pode via ao Passeio Público.
Passeio Público de muitas personalidades
Desde o começo da sua história em 1964 quando era chamado de Campo da Pólvora, o tempo foi e a história foram dando ao Passeio Público outras identidades: Largo de Fortaleza, Largo do Paiol, Largo do Hospital da Caridade, Praça da Misericórdia e Praça dos Mártires.
O último título, Praça dos Mártires, é uma homenagem a João Andrade Pessoa Anta, tenente-coronel Francisco Miguel Pereira Ibiapina, padre Gonçalo Inácio de Loiola Albuquerque e Melo Mororó, tenente de milícias Luís Inácio de Azevedo e o tenente-coronel Feliciano José da Silva Carapinima, membros da do movimento República do Equador, assassinados no lugar.
Só por volta de 1981 a praça começou a ser conhecida por Passeio Público, identidade que trouxe todo um estigma de ser reduto do meretrício e decadência do Centro. O tempo se encarregou em mudar essa realidade. Hoje famílias, amigos, casais de namorados, trabalhadores do Centro compõem o novo público da praça.
E se você ainda não foi ao Passeio Público, não perca a oportunidade. Confira as fotos do lugar e tire um tempinho para apreciar a vista, sentir o ar puro, ouvir o canto dos pássaros e a história contada pelo baobá.
Sextas-feiras: programação musical a partir de 17 horas.
Sábados: a partir de meio-dia, música instrumental do projeto Sol Maior e a tradicional feijoada.
Domingos: a partir de 9 horas, piquenique com atrações infantis e almoço self-service.
Café Passeio
Horário de funcionamento: todos os dias, de 11h às 17h
Outras informações: (85) 30638782.
Fotos: Thiago Silveira
Edição de imagens: Priscila Vieira