“Será seu carvão e petróleo contra nosso futuro. Ambos não podem coexistir. E é nosso futuro que deve vencer”. Esse foi o grito da habitante de Tokelau, Mikaele Maiava, e dos habitantes das ilhas do Pacífico em 13 diferentes nações, em uma mobilização no último dia 2 de março. Com músicas e danças típicas eles lançaram esse desafio à indústria de combustíveis fósseis.
O arquipélago de Tokelau é um dos territórios ameaçados de sumir do mapa devido ao avanço do mar sobre a superfície. Como acontece com a ilha de Kiribati. A população e os moradores de Tokelau estão fazendo a parte deles, e em outubro do ano passado, a última das três ilhas que compõem o arquipélago de Tokelau desligou seus geradores a diesel.
“No lugar deles, ligamos nossas usinas de energia solar, fazendo de Tokelau o primeiro país do mundo com 100% de energia renovável”, lembra Maiava.
“Nesse dia, eu acordei antes do sol nascer, empolgada porque Tokelau estava fazendo história. Toda a vila se dirigiu para o local onde foram instalados os mais de 100 painéis solares – nós podíamos ver que as pessoas se empenharam muito por esse projeto. Durante a contagem regressiva, eu podia sentir as gerações futuras sorrindo para nós e nos agradecendo. De repente, o futuro de nossas crianças pareceu promissor porque nossa geração teve a visão e fez o trabalho duro necessário para se livrar dos combustíveis fósseis adotando 100% de energia renovável”.
Maiava mostra a garra de um povo que não desiste da luta e sonha com um longo futuro no meio do Pacifico. Ela critica ainda a mídia pelo seu discurso apocalíptico sobre o fim das ilhas. “A mídia global não sabe nada sobre quem nós realmente somos, sobre como é viver nestas ilhas paradisíacas que chamamos de lar. Ela não sabe que, como habitantes das ilhas do Pacífico, somos guerreiros e que a terra em que vivemos é parte de nós”.
Para eles, só a mudança radical na produção de combustíveis fósseis pode minimizar os impactos do avanço do mar sobre as ilhas.
“Nós sabemos que quanto mais tempo a indústria dos combustíveis fósseis permanecer impune e as mudanças climáticas se agravarem, mais o aumento no nível dos mares ameaçará nossas casas, mas desistir de nossas ilhas não é uma opção. Não estamos nos afogando. Estamos lutando”, enfatiza Maiava.
Por fim, ela faz um apelo para que todas as pessoas se engajem na defesa dos habitantes das ilhas do Pacífico.
“No dia 9 de março e durante a semana seguinte, estamos pedindo a vocês – nossos amigos, irmãos e irmãs de todo o mundo – que espalhem as fotos de nossas ações para que estas sejam vistas e ouvidas onde você mora. Não compartilhe apenas por seus amigos e familiares, queremos que os políticos e a indústria de combustíveis fósseis as vejam. Eles precisam ver a feroz determinação e espírito de nosso povo; eles precisam ver a riqueza de nossas culturas; e precisam ver que são eles que devem recuar, não nós”.
Fotos: reprodução