Desmatamento na Amazônia compromete geração de energia

EcoFriendly

Desmatamento na Amazônia compromete geração de energia

O terceiro maior projeto de hidrelétrica do mundo, Belo Monte, no Pará, pode não gerar os resultados esperados pelo governo se o desmatamento na região amazônica continuar no mesmo ritmo que está.

Um estudo realizado por pesquisadores brasileiros e americanos, destaque na publicação científica Proceedings of the National Academy of Sciences, constatou que Belo Monte pode ter sua capacidade reduzida em um terço.

Para os cientistas a floresta tem um papel fundamental na formação dos rios que irão fazer girar as turbinas. Com previsão para iniciar suas operações em 2019, a usina, motivo de diversas ações na Justiça, pode ser uma grande ilusão se as árvores continuarem sendo derrubadas.

À BBC Brasil, um dos autores do trabalho, o professor Marcos Costa, da Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, disse que não se trata de vincular florestas à formação de chuva – uma associação que já foi objeto de vários estudos.

“A novidade nesse trabalho foi constatarmos que o desmatamento na Floresta Amazônica como um todo, mesmo fora da bacia do Xingu (onde Belo Monte está sendo construída), pode afetar a geração de energia em Belo Monte”.

“E nós quantificamos essa relação”, ele acrescentou.

Desmatamento na Amazônia compromete geração de energia1

Controvérsias

Hoje, no Brasil, estão em fase de planejamento 45 novas usinas. Os pesquisadores dizem que até o presente, acreditava-se que cortar as árvores nas regiões próximas às represas aumentava a quantidade de água fluindo para elas.

De forma mais ampla, o estudo realizado por eles constatou o contrário. Para os cientistas as florestas tropicais são mais importantes do que se pensava, porque geram a chuva que enche as correntes que, por sua vez, alimentam os rios e as turbinas.

“Florestas geram sua própria chuva”, disse à BBC Claudia Stickler, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, IPAM, integrante da equipe.

“Elas sugam água do solo diariamente e mantêm-se verdes e escuras. A principal razão é que estão sempre injetando umidade na atmosfera, o que no final se transforma em chuva e isso é o que alimenta também esses córregos”, explicou.

Futuro

Os pesquisadores dizem que previsões para 2050 indicam uma possível perda de 40% da floresta, o que significaria menos chuva e entre 35 e 40% menos energia elétrica.

O grupo responsável pela pesquisa elogia as medidas que o Brasil adotou em anos recentes para diminuir o desmatamento, mas diz estar preocupada com a possibilidade de que o desflorestamento tenha voltado a crescer.

“No ano passado, o Brasil fez um progresso tremendo na erradicação do desmatamento, reduzindo os índices de desflorestamento a 24% da média histórica. Mas esses números estão começando a crescer novamente e todos deveriam se preocupar”.

“Acabar com o desmatamento deveria ser visto como uma questão de segurança energética”.

Com informações da BBC Brasil

 

Fotos: reprodução

Inscreva-se na nossa newsletter