Em sua visita ao Brasil, a renomada cientista Vandana Shiva palestrou mês passado durante a abertura do III Encontro Internacional de Agroecologia, no dia 31 de julho, na cidade de Botucatu, interior de São Paulo. A indiana contagiou a plateia composta por mais de 3 mil pessoas com suas ideias sobre o tema.
Filósofa com formação em física quântica e autora de diversos livros (dentre eles Monoculturas da mente, Guerras por água e Biopirataria: a pilhagem da natureza e do conhecimento), Vandana é reconhecida mundialmente como liderança e pensadora de temáticas sociais, políticas e ambientais.
Em sua fala foi enfática ao criticar o controle que empresas transnacionais que atuam na agricultura – como Monsanto, Bunge, Syngenta e Cargill – fazem da promoção e comércio mundial da soja, milho, canola e trigo.
“Empresas, ao promoverem as sementes transgênicas, não inventaram nada de novo. Não desenvolveram nada. O único que fizeram foi fazer mutações genéticas que existem na natureza para viabilizar a venda de seus agrotóxicos”, disse.
Indagada sobre que recomendações daria aos jovens – sobretudo aos estudantes de agronomia, aos agricultores praticantes da agroecologia – Vandana Shiva elencou seis pontos:
Agroecologia: é a preservação e a valorização dos nutrientes que há no solo. “Precisamos ir aplicando as técnicas que garantam a saúde do solo, e dessa saúde, recolheremos frutos com energia saudável”.
Sementes: estimular que os agricultores controlem as sementes. As sementes são a garantia da vida. “Nós não podemos permitir que as empresas transnacionais transformem nossas sementes em meras mercadorias. As sementes são um patrimônio da humanidade”.
Produção de alimentos: é preciso relacionar a agroecologia com a produção de alimentos saudáveis (link) que garantam a saúde e assim conquistar os corações e mentes da população da cidade, que está sendo cada vez mais envenenada pelas mercadorias com agrotóxicos. “Se vincularmos os alimentos com a saúde das pessoas, ganharemos milhões de pessoas da cidade para a nossa causa”.
Direito à terra: precisamos transformar os territórios em que os camponeses têm hegemonia em verdadeiros santuários de sementes, de árvores sadias, de cultivo da biodiversidade, da criação de abelhas, da diversidade agrícola.
Alimentação: precisamos defender a ideia que faz parte da democracia, a liberdade das pessoas de terem opções de alimentos. Elas não podem mais serem reféns dos produtos que as empresas colocam nos supermercados de acordo com a sua vontade apenas.
Não ao agronegócio: precisamos lutar para que os governos parem de usar dinheiro público – que é de todo o povo – para subsidiar, transferir esses recursos para os fazendeiros. Isso vem acontecendo em todo o mundo e também na Índia. O modelo do agronegócio não se sustenta sem os subsídios e vantagens fiscais que os governos lhes garantem.
Com informações do Brasil de Fato
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