Ativistas do Greenpeace protestaram na manhã de ontem (28) em frente ao Ministério de Minas e Energia (MME), em Brasília, contra o retorno das térmicas a carvão na volta do mineral ao leilão de energia A-5 – empreendimentos com início de operação em até cinco anos –, que acontece nesta quinta-feira (29).
Sujos de poeira negra os manifestantes abriram uma faixa com a mensagem: “Lobão, carvão no leilão não!”. Uma grande pepita de carvão com uma carta a Lobão foi protocolada na entrada no edifício.
O carvão é um dos piores os combustíveis fósseis, e um dos maiores vilões na emissão de gases do efeito estufa. Para cada kWh de eletricidade produzida, um quilo de CO2 é despejado na atmosfera. Para efeitos comparativos, a cadeia de produção da energia eólica emite 12 gramas de CO2 para cada kWh produzido.
Para o Greenpeace usinas térmicas movidas por essa fonte de energia representam um retrocesso do governo no cenário energético brasileiro.
“A decisão de trazer o carvão de volta à matriz energética é injustificável. O governo insiste em retroceder a largos passos e evidencia uma visão míope e limitada ao curto prazo”, critica Renata Nitta, da campanha de Clima e Energia do Greenpeace. “Enquanto o mundo inteiro busca formas mais limpas de gerar energia, o Brasil ignora seu imenso potencial de fontes renováveis – como solar, eólica e biomassa – para optar pela fonte mais suja de toda”, lembrou.
Economia
Para o leilão amanhã, 41% da energia oferecida é de carvão. A explicação oficial para a retomada dessa fonte é a segurança energética do país. Com uma matriz muito dependente de hidrelétricas, o governo decidiu diversificar a matriz com energia suja. Contudo, recentemente, o Banco Mundial e o Banco Europeu de Investimentos anunciaram restrições ao financiamento de usinas a carvão. A recomendação era injetar dinheiro nessas plantas “somente em raras circunstâncias”, nos casos em que o país “não tenha alternativa”.
Com a decisão o Brasil mais uma vez, no que diz respeito a geração de energia, está remando contra a maré. Primeiro com as hidrelétricas, Belo Monte é o caso que ganhou mais repercussão nos últimos anos, e agora com o leilão.
A decisão do governo brasileiro é mais uma ação de controvérsia, já que em 2009, o próprio governo baniu o carvão dos leilões energéticos, justamente pelos altos níveis de poluição do ar e de emissões de gases estufa. E agora, qual motivação para voltar atrás? Vale o risco?
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