Ter uma boa convivência com família é ótimo, principalmente quando se vive com ela ou se você tem uma muito grande. Porém, ter sempre amigos por perto também é extremamente importante, em alguns casos mais até do que a própria família.
Segundo levantamento de dez anos de duração feito pelo Centro de Estudos do Envelhecimento da Universidade Flinders, em Adelaide, na Austrália, com mais de 1,5 mil idosos acima de 70 anos, os pesquisadores descobriram que aqueles que tinham mais amigos e contatos sociais apresentaram uma longevidade 22% maior.
As relações com familiares e até com os filhos, mesmo que próximas, tiveram pouco efeito nas taxas de longevidade.
Para Rodrigo Lima, médico de família e diretor da Sociedade Brasileira de Medicina da Família e Comunidade, é realmente um fato que boas relações, tanto com a família como com os amigos, influenciam a saúde. “Normalmente, pessoas que têm bons relacionamentos interpessoais tendem a adoecer menos. É algo que verificamos na prática”, afirma ele.
O médico acredita que, por serem fruto da escolha, das afinidades e não carregarem o fator de estresse que muitas vezes envolve a família, os amigos acabem gerando mais efeitos positivos. “Não se pode fugir da família. Se alguém não se dá bem com a mãe, não há muito o que se fazer a não ser tentar resolver o problema. Diferentemente do amigo, que você se afasta”, explica.
Já a geriatra Carla Perissinotto, professora do Departamento de Medicina da Universidade da Califórnia, em São Francisco, nos Estados Unidos, destaca que “Sentir-se conectado e não solitário é o mais importante”. Para ela os amigos ajudam porque são os primeiros a perceber quando não estamos bem e a nos encorajar a buscar cuidados médicos, porém diz que ainda não está claro se realmente ter mais amigos influencia na longevidade.
Ela afirma também que a qualidade das relações com os amigos e a família é o que mais conta para a saúde e deixa claro que, “Algumas pessoas podem ter muitos amigos reais ou no Facebook, mas ainda assim se sentirem sozinhas”.
Segundo a médica, muitas pessoas se sentem melhor e menos solitárias na companhia dos amigos do que ao lado dos familiares por se sentirem mais compreendidas e estarem mais conectadas a esses amigos. Entretanto, em sua opinião, não é possível generalizar que os amigos são mais importantes do que a família na questão da longevidade, isso depende do estilo de vida de cada um.
A geriatra explica também que o fato de se sentir sozinha ou ter mais ou menos problemas de saúde independe de morar só ou não. “Depende mais se a pessoa se sente solitária. Temos que ser bastante cuidadosos para entender que morar só e solidão são conceitos diferentes”, diferencia Carla.
Devemos lembrar que a longevidade envolve vários fatores, desde genéticos a econômicos, como o acesso aos serviços de saúde. Mas, se você quer viver mais, as recomendações de especialistas são: manter uma boa alimentação, praticar atividade física, ter uma vida social e continuar ativo. Para completar, não se esqueça de que aproveitar a vida, ter amigos, atividades de lazer, não alimentar uma preocupação excessiva em não adoecer e ser feliz são coisas essenciais para se viver mais e melhor.
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