Um dos eventos mais esperados, a Cúpula dos Povos, que vai acontecer paralelo à conferência sobre desenvolvimento sustentável, começou hoje. O espaço da Cúpula é composto por 50 tendas que vão abrigar discussões sobre temas diversos associados à sustentabilidade. O espaço da Cúpula dos Povos será ocupado por ONGs e outros setores da sociedade. O objetivo do encontro é traçar metas que cobrem e viabilizem a efetividade das decisões da Rio +20.
A estrutura da Cúpula está montada no Aterro do Flamengo, zona sul da cidade do Rio de Janeiro. A expectativa é que 15 mil pessoas, do Brasil e de outros países, participem. Serão mais de 600 eventos até o dia 23 de junho. Com o tema “Na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental”, a Cúpula terá apresentação de várias manifestações culturais e shows. Cerca de 200 organizações da sociedade civil, entre elas, o movimento indígena, de mulheres, de negros, por religiosos e ambientalistas do mundo inteiro são responsáveis pela organização da Rio +20.
Entre as presenças mais aguardadas da Cúpula dos Povos, está a do cacique caiopó Raoni. Conhecido internacionalmente pela sua luta em defesa da Amazônia, nesta manhã (15), o cacique, numa plateia lotada composta na sua maioria por índios do Brasil e da América Latina, pediu a união de todos os povos em respeito às tribos indígenas.
“Nós temos que ser fortes, temos que lutar, discutir. Vamos entregar um documento aos brancos para que o Brasil respeite as nossas terras, os nossos costumes. Eu ainda estou vivo, e enquanto estiver vivo, vou continuar lutando por nós”, disse ele. “Eu sou contra o desmatamento, a barragem, a mineração e a exploração de terras por brancos. Eu vou pedir apoio a outros governos, vou lutar para valer os nossos direitos. O índio tem seu lugar, vamos lutar, vamos defender o que é nosso”, completou Raoni
As diversas falas de representantes indígenas no Acampamento Terra Livre, atividade da Cúpula dos Povos, pediam respeito e direito à terra. “Estamos aqui para fazer um contraponto à Rio+20, para mostrar o nosso jeito indígena de ser sustentável. Muitas vezes o que se define como Economia Verde não é o que entendemos que representa a real harmonia com a natureza”, disse durante uma coletiva de imprensa na manhã de hoje (15), a diretora nacional da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Sônia Guajajara.
Brasil vai assumir presidência da Rio +20
Ainda há um grande impasse sobre a aprovação do texto final que será levado aos chefes de estado. Em uma coletiva de impressa nesta manhã, o diretor da divisão de Desenvolvimento Sustentável da ONU, Nilchil Seth, disse que o principal desafio do Brasil ao assumir a presidência da RIO +20, será mediar as negociações diplomáticas em torno do documento final da cúpula da ONU. Os 193 países não entraram em acordo na aprovação do texto. O prazo para a finalização termina hoje.
“A responsabilidade passa amanhã para o Brasil, que tem que decidir e explicar para os participantes qual é o programa para os próximos três dias. Os Estados-membros estão preocupados com os trabalhos da delegação. Esperamos que até 19 de junho esteja tudo concluído. A hora é de urgência. (…) O tempo não está a nosso favor,” disse Seth.
Só 28% do texto foi consenso entre os países, disse Seth. Ele assegurou que todas as pendências do documento serão resolvidas até ele ser entregue aos chefes de Estado, já que “Não existe um plano B”. O que mais tem gerado impasse são as formas de financiamento das ações de desenvolvimento sustentável e também transferência de tecnologia para o mundo. Ao todo, o documento tem seis aspectos divergentes.
Rio +20 hoje
Outros diversos eventos marcaram a Rio +20 hoje. Além da Cúpula dos Povos e das reuniões sobre o texto final da conferência, aconteceu também o Fórum de Sustentabilidade Empresarial da Rio+20 com o tema Inovação e Colaboração para o Futuro que Queremos. Outros eventos tematizaram a economia verde como solução para acabar com a pobreza no mundo e também sobre transgênicos. Serão lançadas ainda três publicações sobre agrotóxicos e Organismos Geneticamente Modificados (OGMs).
No campo da tecnologia a Volkswagen apresentou o protótipo e-Bulli, uma releitura compacta e sustentável da Komb. O e-Bulli é movido por um motor elétrico e é equipado com seis assentos e controle de recursos de “infotainment” via iPad. O veículo é emissão zero de carbono e roda até 300 km com uma carga da bateria. Foi lançada também uma ferramenta on-line que permite a compensação voluntária e individual de emissões de gases de efeito estufa (GEE) decorrentes das viagens aéreas ao Rio de Janeiro para participação na Conferência.
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