Foi iniciada hoje (28), com um discurso do presidente da África do Sul, Jacob Zuma, a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 17), em Durban. Até o dia 9 de dezembro, delegados de 190 países estarão reunidos para avançar os acordos feitos na última reunião, em Cancún. Zuma destacou os dois pontos principais a serem debatidos: o funcionamento do “fundo verde”, o que prevê que os países ricos ajudem os países pobres, no combate ao aquecimento global, e a renovação do Protocolo de Kyoto (que expira em 2012), um acordo feito entre países desenvolvidos para redução da emissão de gases poluentes.
O presidente Jacob Zuma ressaltou as conseqüências das mudanças climáticas, previstas para muitos países em desenvolvimento, e afirmou que “Com uma liderança competente, nada é impossível aqui em Durban”. “A agricultura em vários países africanos pode cair até 50% até 2050, o que pode causar sérios problemas de fome”, disse. A secretária-executiva da ONU para mudanças climáticas, Christiana Figueres, mostrou confiança em relação à liderança sul-africana, para os avanços da COP 17. “A África do Sul mostrou com o fim do Apartheid (regime de segregação racial) que é um exemplo nas negociações para melhorar a vida das pessoas”. Assim como Zuma, ela destacou que “uma solução para o Protocolo Kyoto é fundamental”. A sul-africana Maite Nkoana-Mashabane ocupa o cargo de presidenta da COP 17.
Além dos avanços das negociações entre os países participantes, a COP 17 é importante também para que não haja um retrocesso no combate às mudanças climáticas. O período do Protocolo de Kyoto termina em 2012 e caso não seja renovado não haverá nenhum outro acordo em seu lugar. A China é o maior emissor de gases-estufa atualmente, mas continua se comprometendo em reduzir essa emissão, enquanto o segundo maior emissor, os Estados Unidos, não entraram no acordo. Rússia, Japão e Canadá alegam não haver sentido em renovar o acordo se os maiores emissores não se comprometerem também.
A crise econômica na União Européia (maior bloco de países ricos dispostos a assumir compromisso ambiental) acaba dificultando as negociações, principalmente do “fundo verde”, que prevê um investimento de 100 bilhões de dólares ao ano para ajudar os países pobres, até 2020. O Brasil aposta na renovação do Protocolo de Kyoto e o negociador brasileiro, André Corrêa do Lago, afirma que “há praticamente um consenso de que nunca mais vai se conseguir um acordo total. Nenhum país quer sair de Kyoto pra fazer mais do que faria em Kyoto. Todo mundo quer fazer menos”.
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