Idealizar uma bicicleta de matérias diversos fugindo dos padrões convencionais do aço ou alumínio até parece coisa fácil, mas tirar o projeto do papel e vê-lo funcionar é outra história. Quando o designer carioca Flávio Deslandes, começou a idealizar sua primeira bicicleta de bambu, certamente algumas pessoas devem ter pensado que a ideia do criador devia ser algo meio surreal. Mas ele mostrou que era viável e concretizou o projeto, que em São Paulo, está ajudando a diminuir o tempo de uma garotada, de casa até a escola.
O trabalho de Flávio começou no Rio de Janeiro, em 1994, durante seus estudos universitários na PUC-Rio. Em 1995, ele começou a desenvolver a sua primeira bicicleta de bambu e o primeiro protótipo foi apresentado no 5 º Congresso Internacional de bambu em 1998. Em 2000 Flávio mudou-se para Copenhague, na Dinamarca e lá desenvolveu uma bicicleta de bambu com um design de moldura especial.
Em meio às criações, a Bambucicleta, acabou voltando para o Brasil e começou a ser produzida no Centro Educacional Unificado (CEU) Jardim Paulistano, zona norte de São Paulo. A primeira e única fábrica de bicicletas de bambu de São Paulo é parte do projeto Escolas de Bicicletas. A ideia do projeto, é que até o fim do ano, cem alunos de 12 a 14 anos em cada um dos 46 CEUs se desloquem para a escola em comboios de bicicletas, acompanhados por monitores.
A fábrica que tem capacidade para produzir cerca de 50 bicicletas por dia, já construiu 1,5 mil. Serão 4.680 até novembro. 12 jovens trabalham diariamente na montagem das bicicletas e 500 crianças já pedalam no esquema proposto pelo projeto. “Essas bicicletas podem durar até 20 anos”, diz Deslandes. Em média cada bicicleta aguenta 1,6 toneladas. Além das bicicletas do designer carioca, o bambu tem sido matéria prima para outros produtos, como shapes de skate, assessórios para computador e até prédios.
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