Pitty Leone está com um novo projeto acústico, o “Agridoce”. Em parceria com o músico Martin, a cantora baiana traz um estilo bem diferente do que sempre tomou conta do seu repertório, sem os instrumentos plugados ou letras contundentes. A estreia leva o nome da banda, definida por eles como representante do “fofolk”, folk um bocado mais fofo. “Era só uma piada interna que eu resolvi contar no MySpace quando disponibilizamos a primeira música. E, apesar do termo ter sido colocado lá entre aspas e de eu ter deixado claro que era uma brincadeira, as pessoas levaram a sério. Nunca foi uma tentativa de se criar um estilo ou algo assim, era uma definição em tom divertido sobre o que estávamos fazendo”, conta Pitty.
O músico Martin, que toca violão e canta no “Agridoce”, revela que esse é outro trabalho, com outras referências e prioridades. “Tanto essa suposta definição quanto a sonoridade podem afugentar ouvintes acostumados ao trabalho de Pitty, e esse é um processo natural e talvez até necessário”, disse. Os dois praticamente se isolaram para conceber o novo disco, em um estúdio na Serra da Cantareira, em São Paulo. “Nos isolarmos do ‘mundo real’ foi extremamente importante”, revela a cantora. “Era uma tentativa de se aprofundar no clima que tínhamos conseguido na gravação aqui em casa. Sem horários pré-definidos, sem burocracia. Para a audição, certa introspecção pode ser benéfica, mas não o isolamento total”, completa.
Nesse novo trabalho, a cantora baiana canta em inglês (“Upside down”, “Rainy”) e francês (“Ne parle pas”). “O primeiro single ‘Máscara’ tinha uma parte em inglês. Nesse mesmo disco, ‘I wanna be’ cujo refrão era em inglês, e no ‘Anacrônico’ havia ‘Ignorin’U’, música inteira nesse mesmo idioma. Gosto de misturar. Aí pintou o francês dessa vez”, revela a cantora. Pitty define o disco como “melancólico, reflexivo e introspectivo” e explica a escolha dos adjetivos, “Tudo contribuiu para que ficasse desse jeito: só dois fazendo, ninguém mais ao redor, a sala de casa, piano e violão que possibilitam tocar, e por consequência cantar mais baixo”.
“A gente não se espelha em folk necessariamente. Dos artistas e discos mais recentes, tem um projeto do Sean Lennon e da Charlotte Kemp Muhl chamado Goast of A Saber Tooth Tiger que tem bem a ver em termos de sonoridade”, elege. Questionada sobre se não existe uma necessidade de gastar seu tempo livre com algo que não seja música, a cantora responde: “Eu sou meio ‘musicaholic’ mesmo, mas pode ser que num outro momento sinta vontade de fazer outra coisa. Gosto de produzir, criar, isso me faz feliz. Quem sabe nas próximas férias eu não viaje…”, diz Pitty, que completa rindo: “Para assistir a algum festival lá fora”, relatou.
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