House Sessions – Entrevista com DJ Eugênio Camarão

Entretenimento|Música

Após CEM eventos confirmados até o fim do ano…

Fortaleza segmentou um mercado paralelo, com djs de ponta surgindo com estilo e histórico musical, mostrando que é possível tornar uma profissão mecânica em arte – tais como Jorge Quental, Davi Fiúza e Eugênio Camarão, profissionais que se apresentam com uma identidade sonora muito clara e estilo de sobra.

Eugênio morou em Chicago (USA), um dos berços da house music mais tradicionais do mundo, além de se apresentar em pubs e locais mais reservados e intimistas, tocando de acid jazz a broken beats. Atualmente, ele e Cacá Malloy criaram o projeto Villa Deep, que reúne 3DMap Vídeo (Lucas Araújo), interagindo música e imagem.

Eugênio gravou um set especial para o portal No Pátio, disponível clicando aqui, além de, claro, um top 5 cheio de feeling.

Hudson Cordeiro: O que você ouviu durante a sua vida, antes de se tornar Dj profissional?

Eugênio Camarão: Desde muito novo fui atraído por gêneros musicais diferentes dos garotos da minha idade. Quando criança adorava os discos de bossa nova e os boleros frequentes nas reuniões de família, que ocorriam todos os fins de semana. Aos doze me apaixonei por chorinho. Aqueles sorrisos reunidos,aquela musica alegre logo me cativou.

Decidi aprender cavaquinho, o que não deu muito certo, pois era muito difícil acertar aqueles acordes, tão rápidos e precisos que acabei desistindo.Sempre gostei de cinema, assisti filmes como por exemplo Studio 54, que mostravam o outromundo, que também já existia bem antes de eu existir e que rapidamente ganhou minha atenção, o mundo da Discoteca. Eu havia me impressionado com o ambiente que se formava em torno da Disco Music.

O lifestyle dos amantes daquela época e toda aquela atmosfera me chamaram bastante atenção. Decidi então pesquisar sobre aquela época, sobretudo sobre a música que tocava, e me aprofundei ate atingira transição da Disco Music dos anos 1970 para a recém nascida House Music.

Nesse novo gênero musical que encontrei, achei o meu maior passatempo. A partir dali, passei horas e horas em fóruns e comunidades do Orkut e de outros fóruns online, onde pude me relacionar com Djs veteranos e absorver o lifestyle brasileiro e o apetite musical dos envolvidos com esse gênero, que mais tarde, para mim, se tornaria em tantos outros.

A partir de vertentes da House Music, descobri outros gêneros musicas. Por exemplo, o Chicago House me mostrou o Funk dos anos 1970 e o jazz, o Soulful me apresentou as divas do Soul e a Disco-House mais tarde me aproximou do tão desconhecido Nu Disco.

HC: O que o fez se tornar um Dj?

EC:Após passar uma temporada morando ao lado de Chicago, tive a oportunidade de conhecer a raiz do movimento underground a que a House Music pertencia antes de estourar em rádios e festas populares. As warehouses (galpões onde aconteciam as primeiras festas de House) hoje em dia funcionam como ponto de encontro entre Djs, produtores, representantes de equipamentos e amantes, como eu.

Lá foi possível ver a olho nu o que só existia até então na minha imaginação. Dezenas de pessoas reunidas comercializando equipamentos, trocando músicas e experiências, tudo em torno da música (House, Jazz e Funk). Ao retornar ao Brasil, me dei conta de que um Dj era acima de tudo um pesquisador musical e que eu tinha muito mais em comum com aquele lifestyle do que eu imaginava.

Com a bagagem cheia de músicas e experiências, fiz o curso de discotecagem com o Felipe Correia, a.k.a. Fil, que me ajudou absolutamente a transmitir aquele conhecimento tão acumulado em discotecagem.

HC:Quais foram os principais eventos em que se apresentou?

EC: Os principais eventos, na minha concepção, são aqueles em que o público-alvo está em maioria no dancefloor e o ambiente agradável para todas as pessoas que ali estão. No início de 2012, tive a oportunidade de levar um projeto meu e do grande amigo Paulo Thiago ao Universo Paralello Festival, que acontece de dois em dois anos na maravilhosa praia de Pratigi – Bahia.

Lá tivemos a oportunidade de nos apresentar no Chill Out Stage, uma pista que faz reverência a esse estilo musical, que engloba diversos outros (Lounge, Experimental, Trip Hop, etc). Apresentar-se num lugar onde as pessoas, mesmo sentadas, estão dançando e assistindo atentos a sua apresentação é realmente muito gratificante.

HC: Quem são os Djs de vanguarda na cidade e por quê?

EC: Existem alguns nomes que, para mim, têm imensa referência. Philipe Pegado, aka Galego, com seus sets e suas festas fora da cidade foram de grande importância para o meu estímulo, pois, ao retornar de viagem, demorei muito para encontrar um ambiente e pessoas (outros Djs) similares aos que vira em Chicago.

Temos o Fil, que foi meu professor e ajudou bastante a aplicar a minha teoria na prática, e o grande companheiro Cacá, a.k.a Malloy, que foi fundamental para que eu sobrevivesse com tamanho apetite musical numa cidade bastante pobre no quesito diversidade. Também existem outros djs que, pra mim, pertencem à vanguarda, como Davi Fiúza, David Veiga, Rodrigo Lobbão e alguns outros que infelizmente não estão mais em Fortaleza.

 

Top 5

Ramsey Lewis Trio – Slippin’ Into Darkness

Bill Withers – Use Me

Don Carlos Unlimited – Love & Devotion

Deep House Souldiers – Summer Love (Pastor Bobby Remix)

Platinum Pied Pipers – 50 ways To Leave A Lover (Paul Simon Cover)

 

 

Fotos: Reprodução

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