House Sessions – Entrevista com DJ Morr

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Preciso citar a participação do ilustre Fil em um dos eventos mais comentados do Brasil, a tradicional U.M. (Underground Movement) – um carnaval eletrônico que acontece desde 1999 e segue sendo referência no Brasil. É uma festa para todos os gostos e, claro, para quem fica na cidade, além de ser grátis, em um trio elétrico. Uma honra e satisfação sermos representados pelo Dj Fil esse ano.

Hoje converso com o novo residente nas sextas do Mucuripe Club, Ronaldo Navarro, o DJ Morr. Com um som flexível e espontâneo, ele tem começado com o pé direito em uma das noites mais disputadas da cidade. Ronaldo Navarro veio de Campo Grande (MS) e se tornou uma das figuras mais frequentes nos line ups. Com uma pegada Electro House, se apresenta desde raves a clubs, além de ter seu projeto, chamado DUB, que acontece desde sua chegada na cidade. Ronaldo conversa um pouco conosco:

Hudson Cordeiro: Como você vê Fortaleza hoje, com tantos grandes eventos como tem ocorrido nessa alta temporada?

DJ Morr: Sem dúvidas, vivemos a maior fase da música eletrônica que o Ceará já teve. Talvez os mais saudosistas discordem. Mas, que é a maior, com a maior quantidade de artistas que estão no topo da cena eletrônica mundial, vindo tanto na cena comercial como na underground. Porém, é a maior, não a melhor. Existe uma grande diferença nestes pontos pois no quesito de qualidade musical e contexto artístico, vivemos algo que é o oposto, por mais incrível que pareça. Não temos ninguém despontando nacionalmente no que diz respeito a parte músical de produção. Temos poucos nomes produzindo nesta cena comercial. Já no underground temos representantes se firmando cada vez mais nacionalmente. Ou seja, temos uma grande oportunidade de fazer com que estes grandes eventos impulsionem e fomentem a música eletrônica local em todos os sentidos, e em todas as suas vertentes, é um momento que todos “devem” trabalhar ao máximo para agregar maior valor e mais adeptos.

HC: Como foi sua carreira em Campo Grande?

DJ Morr: Minha carreira em Campo Grande não foi como DJ, mas foi como produtor e promoter de eventos. Tinha amizade com os maiores produtores, promoters e DJs de lá, então, desde meus 15 anos entrei na musica eletrônica e atuava nos bastidores, figurando sempre na produção e promoção dos eventos. Acompanhei o nascimento da cena toda, as primeiras raves ainda em meados da década de 1990, o nascimento do D-Edge, já perto dos anos 2000 e outros grandes eventos de outros segmentos inclusive, como show de bandas como Raimundos, peças de teatro e outros eventos de alcance nacional e internacional. Sempre atuando na produção e promoção. Como DJ mesmo, toquei lá em 2010 na Move, junto com o Renato Ratier, e este ano agora que passou em eventos privados.

HC: Em um texto publicado no site Cenaceara , você aponta como críticas sem embasamento alguns “doutrinadores de plantão”, que reclamam sem fazer nada e diz que estamos na melhor época, quanto a massificação da musica eletrônica. O que poderia ser melhorado, se necessário, em Fortaleza quanto ao mercado de DJs?

DJ Morr: Na realidade meu texto aponta uma outra visão, muitas vezes deixada de lado. Se ampliarmos nossa visão e o que temos visto com o crescimento e afirmação das mídias sociais, podemos ver que hoje, todo mundo se acha no direito de ter opinião e dissertar sobre tudo. Pequenos comentários e fatos simples tomam proporções gigantescas. Isto é um ponto até positivo.

Porém, também seguindo este advento, vemos que todo mundo parece que utiliza as mídias sociais “armado”, pronto para uma batalha, e que vivem em um mundo em que nada presta, nada é bom e nada vale a pena. Meu texto busca uma outra visão, pois o que chamo de “doutrinadores de plantão, são pessoas que se dizem conhecedores e entendedores, muitos até conhecem, e que se posicionam contra tudo que está acontecendo, com todo o momento em que vivemos, como se não existe nada a ser aproveitado, nada que valha a pena. O que não é verdade.

Concordam que se tudo estivesse acabado como estas pessoas dizem e escrevem a qualquer sinal de algo que os desagrada, não teríamos tido a maior atração de musica eletrônica comercial do mundo, Black Eyed Peas, iniciando sua turnê por Fortaleza, nem no mesmo ano, os eleitos 2 maiores DJs do mundo, David Guetta e Tiesto, se apresentando aqui. Se tudo é tão ruim, porque vieram e os eventos foram eventos de sucesso?

Este é meu ponto, hoje é muito fácil se esconder atrás do seu computador e escrever que nada vale mais a pena e que a musica eletrônica está acabada e que a melhor época é aquela do passado. Me desculpem os saudosistas, mas a melhor época é a que vivemos, é o agora, e se você por algum motivo não faz parte dela ou não goste, então não venha criticar quem está fazendo o agora, que trabalha para que as coisas melhorem e que sabe que nem tudo são flores, e que sabe também que tudo estaria melhor se todos fizessem pelo menos um pouco pela música eletrônica que tanto amam. E com relação a fazer, eu posso dizer que eu faço, pois tenho um curso há 3 anos, já formei vários dos nomes que estão começando a surgir na cidade e despontar.

Nomes que são residentes de clubes grandes clubes aqui e que são figuras freqüentes nos grandes eventos do Estado em todas as vertentes, tanto no comercial como no underground. Posso bater no peito, e dizer que estudo e busco crescer, que vou a grandes eventos todo o ano, faço cursos e workshops de marcas como Pioneer, AIMEC, Vestax, escrevo para sites e além disso tenho me apresentado uma media de 150 vezes por ano nestes últimos anos.

Veja bem, não estou querendo dizer que ninguém pode falar, ou dar opinião, mas que sejam moderados, e principalmente busquem conhecer o que acontece na atualidade antes de falar, pois hoje tudo muda muito rápido, e não é diferente na cena eletrônica. Temos grandes nomes aqui, nomes atuantes, que lutam e buscam crescer. Hoje, por exemplo, tenho o prazer de dividir a cabine do Mucuripe Club com os amigos e DJs Jay Lu, e Rodrigo Lobbão. Sem contar outros grandes nomes que temos aqui como Fil, JP Gonzalles, Pedro Garcia, todos profissionais de opinião forte e atitude, todos trabalhando duro e buscando crescer. Um grande exemplo é que não estamos sofrendo com a onda dos DJs celebridades (BBBs ou outras coisas tipo “Luizas”) que estão invadindo as cabines do país, pois os próprios profissionais daqui, tanto produtores e principalmente DJs são avessos a este tipo de situação.

Melhorar é uma questão de tempo. Com este crescimento os DJs locais tem sido cada vez mais valorizados pois não é qualquer convidado que chega aqui e faz o que nossos DJs locais fazem no line up. Muitos dos que vêm, deixam a desejar e somos nós quem salvamos a noite. Então o caminho está na valorização da prata da casa. O que passa por uma fomentação da cultura eletrônica local. É um caminho longo, mas que vem sendo feito e os frutos vão ainda ser colhidos nos próximos anos. Mas a valorização do profissional local é fundamental para o crescimento da Cena.

HC: Quem são os melhores djs e produtores de Fortaleza?
DJ Morr: Temos um leque bom de grandes profissionais. Na parte mais comercial, Rodrigo Lobbão, Fil, JP Gonzalles, Pedro Garcia, Jay Lu e nomes novos despontando como meus alunos Thiago Feitosa e André Guerreiro (THP) alem de outros que vem surgindo.Se formos para o lado mais underground Diego Grecchi, Two Faces, Earthspace, PJ Yugar, Felipe R.A., Davi Fiúza, Pedro Rezende, Déo Meneses e outros.Já em eventos privados podemos citar Itaquê Figueiredo e Gilvan Magno e, em um segmento mais alternativo, Guga de Castro. Enfim, todos estes são garantias de bons sets e boa balada. Será que estamos tão mal assim? Acabei de citar mais de 10 grandes profissionais em segmentos diferentes e que fazem nossas noites a cadafim de semana com qualidade e conhecimento.

 

Top 3 :

http://soundcloud.com/aviciiofficial/avicii-levels-original-mix
http://soundcloud.com/bingoplayers/bingo-players-rattle-exclusive
http://soundcloud.com/djchuckie/chuckie-feat-gregor-salto-what

http://soundcloud.com/dj-morr

 

 

Fotos: Reprodução

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