Após a bela improvisada na presença do Dj Mau Mau na franquia da Warung, percebemos um apelo maior pela diversificação da música eletrônica. Troca justa. Apesar de não termos por algum tempo apresentações de Renato Cohen em Fortaleza, a produtora Feeling fez uma ótima substituição tornando-se inesquecível.
Também não posso esquecer do paradisíaco Tempero do Mangue,na Sabiaguaba, com o projeto Sunset Jam, saciando os olhos e ouvidos naquela paisagem incrível. Esse projeto liderado pelo Dj Eugenio C, tem sido muito bem frequentado e sempre com excelentes Djs, mostrando conceitos e estilos distintos no termo real da palavra. Infelizmente tive um contratempo e não poderei tocar nesse sábado, dia 25/08. Em breve saberemos a data em Setembro, onde espero tocar com grandes amigos e público seleto.
Inaugurou nessa quinta-feira, 17, um novo club com ótimas perspectivas: L4. Situado no Shoping Aldeota, parece ser um oásis no deserto da vida noturna do bairro, com vista privilegiada e quem sabe…conceito e criatividade musical. Torço para dar certo, assim como o findado Noz Club, que tornou-se inesquecível tanto pela localização – também na aldeota – , como no conceito musical.
Hoje não farei entrevista com ninguém. Apenas abordarei alguns detalhes curiosos sobre minha visão sobre Fortaleza e a evolução dos Dj´s. Inicio citando Clarice Lispector “Não importa se você faz certo ou errado, as pessoas sempre vão encontrar um motivo para te criticar”. Também cito um ícone na historia musical da cidade. Certa vez, Silvio de Paula comentou “Todo Dj é egocêntrico”. Tive que concordar, não só pela veracidade, mas também pela praticidade de tal afirmação. Agora tente misturar as duas citações…
Com a tecnologia, ficou bem mais fácil tornar-se Dj, mesmo sem técnica ou identidade musical. Acho que de dez anos para cá, triplicou o numero de Djs atuantes em todos os segmentos, desde festas particulares até grandes eventos. Refletindo sobre o egocentrismo e a superficialidade, cheguei a conclusão que tudo pode ser medido, desde a embalagem até o conteúdo. Temos muito mais embalagem que conteúdo, atualmente. Preciso lembrar as pessoas com certa fama, como ex BBBs, tornarem-se Djs? O que é mais importante afinal? Certamente não é a música.
Diante de um público aparentemente leigo ,de forma geral, não culpo as rádios, nem o momento da música pop eletrônica. Nem existem culpados. Só uma copia barata das festas de Ibiza, sem inovações ou ousadia por parte da maioria dos produtores de eventos. Outro dia ouvi “Se está assim é por consequência do que aconteceu na década passada até hoje”. Discordo, assimilando diversas interpretações, fundido em apenas uma pergunta:
Como poderia ser consequência dos trabalhos anteriores uma música bastante previsível (em sua maioria) e popular como atual “HOUSE MUSIC” ?
Lembro especificamente de uma rave, pela primeira vez em um Autódromo, situado no Eusébio. Foi um monte de primeira vez. Primeira apresentação de Dave The Drummer, primeiro evento com mais de três mil pessoas (de e-music), primeira vez (de poucas) no autódromo do Eusébio…entre muitas primeiras vezes, para pessoas ou segmento muito especifico, apesar da superlotação naquela ocasião – quase dez anos atrás .Desde então, Dave The Drummer cria novas performances e traz consigo uma certa tradição de Fortaleza quase que anualmente… Isso sim é consequência do nosso histórico.
Ainda temos adeptos veteranos, com conhecimento musical, perambulando por aí – alguns em busca do óbvio, outros ainda na subversidade criativa da música eletrônica. Mas, todos esses sabem o quanto a música eletrônica difundiu-se do “underground” ao “mainstream”, ou melhor dos Dj´s com leve orgulho para os muito egocêntricos. Quem sou eu para criticar, como diria Clarice Lispector.
Claro que recomendo um set meu gravado inocentemente e espontaneamente naquele Virtual Dj. Através dessa ferramenta aparentemente básica, pesquiso e vasculho um mundo imenso e inexplorado da House Music. Ouça clicando aqui.
Fotos: Reprodução