Hudson Cordeiro entrevista o DJ Deo Meneses

Entretenimento|Música|Perfil

Reflexão do dia: O que diabos são esses hits internacionais, do qual o cantor Latino sempre faz uma versão chula? Agora sobrou pro koreano Psy, com aquela boboquice pop. Desculpa os fãs  mas “que deselegante” como diria Sandra Annemberg.

 Nesse dia 10 de novembro acontece um mega evento com Roger Sanchez e ótimo Line Up, inaugurando o Centro de Eventos de Fortaleza para eventos de música eletrônica, marcando a cidade com mais uma ilustre visita de um dos ícones da house music na Europa na festa One Nigth Only ,clique. Aliás, tem crescido bastante o interesse por música boa, não importa se é pop ou conceitual, mas algo de original e desconhecido. Muito válido. Também acontece no Tempero do Mangue  a imperdível Sunset Jam , nesse sábado, dia 20/10. Sempre com o mesmo requinte e estilo em um local indescritível. Novamente com line up muito bom, presença confirmada.

Outra presença ilustre, que mantem suas “gigs” sempre nos melhores eventos é o Dj Deo Meneses.Atuou desde os primórdios da disseminação da música eletrônica em Fortaleza. Presente em vários momentos marcantes na cidade sem esquecer sua residência nas consagradas nas quintas  Orbita Club. Daniel também comanda a produção do programa da Feeling na Beach Park FM , junto com dj Fil, com repertório de primeira e participações de djs locais e nacionais. Leia e ouça alguns artistas sugeridos por Deo.

Como foi sua historia na música desde o hard core rock até a música eletrônica?

É uma longa trajetória. São quase 20 anos de música passando por algumas das bandas de rock mais atuantes na consolidação dessa cena em Fortaleza. Sou baixista, sendo o piano meu segundo instrumento. Comecei a tocar aos 12 anos de idade e aos 14, montamos a Enemy, meu primeiro projeto de punk rock. Gravamos nosso primeiro disco em 96. A partir daí toquei na Shibuya, Straight Hate, Cycle of Abuse, Switch Stance, Re-form e agora Rocca Vegas, que é a atual menina dos olhos.

Paralelamente a isso, no final dos anos 90 me interessei pela estética e cultura emergente (no Brasil) da música eletrônica, e como gosto de estar produzindo, compondo e nos palcos corri pra aprender como é que aqueles malucos faziam pra transmitir tanta energia com um par de discos de vinil. Então conheci vocês do Undergroove, um núcleo que já vinha movimentando as coisas na terrinha, daí o Hudson aka Sickboy e o Leonardo aka Leuz me ensinaram a tocar discos.

Comecei tocando trance progressivo (UK Trance), mas algum ano depois me interessou o Trance psicodélico e toda sua cultura naturalista e de coletividade. Nesse período fui estudar música na América, onde me envolvi com o pessoal do Pooja Group que é um núcleo de dj’s e entusiastas da Europa, mais precisamente da Rússia, Ucrânia, Israel, Alemanha e Espanha. Eles produziam eventos de pequeno porte em toda a Flórida incluindo encontros em florestas, também nas ilhas (Keys), mas principalmente em Miami, pra onde eu acabei mudando mais tarde pra estudar engenharia de áudio. Na faculdade conheci uma cantora super talentosa, dai fundamos o Audioproblema: projeto de nu jazz experimental, e como Miami respira house music, sendo um tipo de música repleta de groove,  instrumentos acústicos e vertentes diferentes. Não demorou muito pra despertar os sentidos. Ao fim do curso retornei pra Fortaleza onde assumi a residência nas quintas e sextas do Orbita Club além da parceria com a Feeling Club, a produtora Áudio-visual e o Rocca Vegas, que são as funções que eu desempenho até hoje com muita paixão.

Quais os momentos mais marcantes na sua trajetória como dj?

Cada fase dessa jornada foi marcante a sua maneira, mas algumas fases deixaram mais saudades do que outras, entre elas o começo de tudo que foi uma fase de fantasia onde tudo era deslumbrante e novo, a fase em Miami que foi muito especial em termo de aprendizado e amizades, e agora com tudo que está acontecendo, entre as festas conceituais, programa na rádio, o selo e tudo mais.

Você acredita que, com mais tecnologia p/ djs, mais qualidade e originalidade?

Essa é uma pergunta que eu gostaria muito mesmo de responder que sim, mas infelizmente o gráfico anda no sentido contrário. É claro que existem alguns artistas que fazem valer a pena a aplicação da tecnologia na arte da discotecagem como Ritchie Hawtin  por exemplo, mas de um modo mais geral essa tecnologia facilitou demais, a ponto que um macaco poderia fazer um set em 4 decks hoje em dia com um par de controladoras X1, desde que seu adestrador apertasse o botão de sync por ele, e isso fez nascer uma geração inteira de pseudo dj’,s  formados da noite pro dia em cursos relâmpago com professores incompetentes, zero bagagem musical, e autointitulados  top, true, real, best, djs de todos os tempos. Uma geração de dj’s que não estão ali pela música, está em busca de status, fama (se é que se aplica ao caso de Fortaleza) e alguns mais burros até em busca de dinheiro.

De qualquer maneira acho válido o uso de tecnologias avançadas pra implementar o trabalho de um dj com embasamento e pesquisa, que aprendeu bastante, tocou em todas as mídias disponíveis pra esse propósito e tem experiência suficiente pra saber que fazer um set não é tocar uma música atrás da outra, tampouco um hit atrás de outro, ou mesmo fazer uma pista dançar, mas sim contar uma estória coerente, com começo, meio e fim.

Fazendo a pista passear de uma música pra outra quase imperceptivelmente onde há um padrão estético conciso e uma pegada pessoal diferenciada.

 

Quais influências você tem em suas produções de house music?

Pelo fato de ser músico, tenho muitas influências diferentes e acho q tudo afeta tudo. Não há distinção entre o Deo roqueiro e o Deo dj, a soma de toda a minha bagagem musical reflete em tudo que eu faço musicalmente falando, mas alguns produtores que eu admiro muito estão Fred Everything, Karol XVII e Mb Valence, Atjazz, Noir, Pezzner, Sonny Fodera, e alguns produtores da nova safra como Giom,Jimmy Edgar, Nicolas Jaar, Kolombo, Amine Edge, entre outros…

 

Quem são os melhores djs e produtores de Fortaleza?

Os melhores dj’s locais em minha opinião ainda são os Undergroovers. Seu irmão Rodrigo Lobbão, que é um cara com uma versatilidade incrível, técnica apuradíssima, conhecimento histórico e senso de pista como poucos, você que é um dj que sabe o que gosta e também possui uma técnica incomum, o Fil com sua garra e métodos próprios e o Bruno, Dj Arlequim.

Quanto a produtores eu acho o Paulinho do Wide Open Mind WOM e o Diogo Aminad as pessoas mais talentosas que temos aqui.

 

Top 5

Eu não raciocino dessa maneira. Não faço essa distinção, na música eletrônica, especialmente por que é uma cena musical volátil, em constante mutação. O top 5 hoje não será o mesmo de amanhã e o que importa é a jornada e não o destino, mas pra não deixar o leitor na mão, vou passar algumas faixas que acho incríveis e atemporais. Aliás, 7.

 

Exist – Lookin’ at blue (Atjazz astro dub)

Black Van – Moments Of Excellence 

Yves Murasca – Happy (Karol XVII & MB Valence Loco Remix)

Nina Kraviz – Ghetto Kraviz – Official Video (REKIDS)

Noze – You Have To Dance (Mathias Kaden Beatpolka Remix)

Rami Deejay feat. Keely Timlin – Burn Burn (Original Mix)

Lovebirds – want you in my soul Feat. Stee Downes (original mix)

 

 

https://www.facebook.com/deomeneses

http://roccavegas.com/ (Álbum grátis pra download)

https://www.facebook.com/roccavegas

 

http://www.aaartefilmes.com.br/

http://vimeo.com/aaartefilmesdobrasil

 

 

See Ya!

 

 

Fotos: Reprodução

 

Inscreva-se na nossa newsletter