Pelo visto, utilizar minorias como forma de se retratar dentro do universo pop está realmente virando moda. De uns tempos para cá, todo artista tem levantado causas que tentem mostrar que ele está antenado com o feminismo, o movimento LGBT, o movimento negro, a causa da gordofobia e afins. De Beyoncé à Clarice Falcão, passando por Katy Perry e MC Carol, todo mundo tem um ou mais trabalhos que se passam como empoderadores ao público.
Mas parece que para Mallu Magalhães a coisa não deu muito certo… A cantora lançou na última sexta (19) o seu mais novo vídeo para a música Você Não Presta, e de lá para cá, tudo o que se teve foi uma enxurrada de pessoas em sites e blogs especializados afirmando categoricamente que a cantora foi racista em seu novo vídeo.
No clipe, Mallu Magalhães aparece com um corpo de baile formado por negros. Até aqui tudo bem, mas os internautas têm chamado atenção para uma série de fatores que, segundo eles, reforçam ideias racistas. Para começar, eles estão com pouca roupa e besuntados em óleo – ao contrário de Mallu, que veste roupas até demais. Isso denota a hipersexualização do negro e ainda remete ao tempo da escravidão, em que escravos eram besuntados em óleo para parecerem saudáveis e assim, esconder as marcas dos maus tratos.
O fato de Mallu estar dançando sempre à frente do grupo, ou apenas andar entre eles, sem nunca interagir diretamente é indicado como prova de que ela está apenas usando uma minoria para se promover, já que ela é a única branca no vídeo e deixa sempre bem claro que não faz parte do grupo, que só a acompanha. Entretanto, um dos trechos mais polêmicos ocorre quando os bailarinos aparecem atrás de uma grade, como se fosse uma cela. Neste momento, apenas eles estão lá, sem Mallu que, em uma infeliz coincidência, está cantando os versos “eu convido todo mundo para a minha festa, só não convido você porque você não presta”. Aí pegou mal, não é mesmo?
Para piorar o que já não está fácil, ela ainda aparece usando uma camiseta escrito “Oscar 2002”, ano em que dois atores negros ganharam o prêmio de Melhor Ator. Para os internautas, um sinal de que ela estaria usando a negritude como algo “cool”, bacana, da moda. Por fim, a parte mais trágica. No release do vídeo, a cantora afirma que escolheu esse single por uma “necessidade e vontade de quebrar o vidro, do meu trabalho, da minha carreira e da minha imagem… colocar para fora uma energia de atitude, uma onda tão urbana quanto selvagem (…)”. Quer dizer então que os negros representam essa selvageria?
O grande questionamento do grande público é que Mallu Magalhães nunca militou a favor do movimento negro, nunca deu visibilidade para negros em seus videoclipes e, de repente, aparece assim. A youtuber Rosa Luz, que comanda O Barraco da Rosa escreveu em um comentários do vídeo “Este clipe é a prova viva de como a indústria musical se apropria de figuras marginalizadas, como o negro, apenas como objetos e plano de fundo para artistas que não vivenciam a negritude diariamente. Infelizmente, esse clipe reproduz pensamentos racistas que estão presentes na nossa sociedade desde a época da colonização”.
E então… O que vocês acham? Foi ou não foi racismo?
Fotos e vídeos: Reprodução