Manifestações e reuniões do documento final embalam Rio +20 hoje

EcoFriendly|Rio +20

Indígenas e mulheres marcham para se fazerem vistos e ouvidos na Rio +20; jovens tematizam a paz; e documento final da Conferência continua em debate e não deve pautar questões polêmicas.


O dia hoje (18) na Rio +20 foi de muito “barulho”. Cerca de 5 mil mulheres marcharam em um protesto contra a economia verde, um dos temas em pauta na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, e também contra a exploração feminina e a lógica do capitalismo. A Marcha Mundial das Mulheres, Mulheres em Movimento Mudam o Mundo, concentrou participantes de diversos movimentos sociais que estão ligados às discussões da Cúpula dos Povos.

Já nas reuniões oficiais da Rio +20, as Chefes de Estado e responsáveis por órgãos mundiais como Onu Mulheres, insistem na ideia de que o documento final da conferência deve pautar a igualdade de gênero e empoderamento das mulheres, o que deve acontecer de forma satisfatória segundo a subsecretária-geral e diretora executiva da ONU Mulheres, Michelle Bachelet.

“A redação, é claro, ainda pode ser melhorada, mas ele [documento] trata sobre essas questões do empoderamento das mulheres, de aumentar a participação das mulheres nos processos decisórios e na economia e do fortalecimento dos direitos das mulheres. A linguagem é boa e esperamos que continue nessa direção”, afirmou.

Bachelet ainda destaca que “As mulheres têm papel importante no desenvolvimento sustentável em várias perspectivas e é por isso que não podem estar restritas a uma só área. Precisamos das mulheres na arena política, nos processos decisórios, na implementação de políticas públicas, também na arena econômica, em toda a cadeia de suprimento”.

Confira nossa matéria sobre o papel da mulher no desenvolvimento sustentável e também sobre igualdade de gênero.

Em menor número que a marcha das mulheres, um grupo de jovens, representantes de várias instituições da sociedade civil que debatem temas ligados à infância e à juventude, fizeram também nesta manhã um protesto, com cartazes, pedindo mais destaque ao tema paz no documento final da conferência. Com o lema “Desenvolvimento Sustentável Precisa de Paz”, eles defendem que só é possível se desenvolver de forma sustentável em locais onde não há guerras.

Fazendo um apanhado geral, este tem sido o cenário da Conferência da ONU para o Desenvolvimento Sustentável: diversas vozes de inúmeras expressões da sociedade civil organizada e dos governos pautando que o desenvolvimento sustentável deve obrigatoriamente tomar como base todas essas temáticas especificas de cada grupo. Não se pode  elencar uma série de ações, decidir fundo de investimento e manutenção de projetos sem olhar para o direito das mulheres, dos jovens, sem pensar em erradicar a miséria, em dar melhores condições de educação… O grande “x” da questão, que não está oculto, mas explicito, é que todas essas temáticas estão diretamente ligadas aos interesses econômicos, desta forma, a busca pelo consenso vira quase que uma utopia.

Documento final da Rio +20
Na manhã de hoje (18), as delegações internacionais retomaram as negociações do texto final da Rio +20. A expectativa é finalizar o texto ainda hoje e envia-lo até amanhã para às Nações Unidas. Na quarta-feira (20) começa a Reunião dos Chefes de Estado e Governo. Com aproximadamente 50 páginas, o texto não deve tratar de questões polêmicas, como por exemplo, a criação de um fundo de US$ 30 bilhões, para garantir a execução de propostas relativas ao desenvolvimento sustentável.

Para a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o texto final da Rio +20 não é tímido e fará com que a Conferência termine com bons resultados. “Nós teremos bons resultados na Rio+20, o resto é muito teatro e gente querendo aparecer, com pouco a oferecer”, afirmou em discurso, durante participação no Fórum de Sustentabilidade Empresarial da Rio+20.

Já para a delegação da União Europeia na Conferência de Desenvolvimento Sustentável, o texto “não parece encontrar a ambição necessária para o desenvolvimento sustentável e uma economia verde inclusiva”, divulgou em nota. Segundo a nota da delegação, a União Europeia almeja objetivos e metas com prazos e mecanismos de monitoramento concretos no texto.

O texto afirma ainda que “o aumento da população combinado com o crescimento do consumo e da produção colocam pressão em ecossistemas já em degradação e diminuem recursos cruciais”. Para a União Europeia, a “economia verde é a chance de transformar esses desafios em oportunidades para criar empregos, tirar pessoas da pobreza, alimentar as crianças, ao mesmo tempo em que se reduz a pressão sobre o meio ambiente”.

“É pequena a visão política de achar que nós não podemos ser mais ambiciosos em relação a sustentabilidade”, afirmou a ministra do Meio Ambiente. “O que temos que ser é suficientemente ambiciosos e inteligentes para sairmos da miopia, do olhar de curto prazo e estruturarmos uma visão mais de estratégia de médio e longo prazo, daí a transformação pode acontecer”, completou.

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Fotos e vídeo: Reprodução

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