Sempre ligado em tudo de bom que acontece na capital cearense, o No Pátio conferiu de perto o que rolou no MaxiModa 2011, considerado o principal evento de marketing de moda do Nordeste. “360° – Pensando em moda por todos os lados” foi o tema desse ano do evento idealizado pela publicitária Márcia Travessoni.
Há muito tempo a moda deixou de ser vista simplesmente como algo estético ou como um assunto que poderia ser deixado em segundo plano! O MaxiModa 2011 trouxe a Fortaleza referências internacionais do mundo da moda e dos negócios. Para debater sobre o tema, uma equipe de peso: Oskar Metsavaht (criador da marca Osklen), Andréa Bisker (representante do site WGSN), Christian Hallot, da H. Stern (expert em consumo de luxo), Amir Slama (criador da marca Rosa Chá) e ninguém menos que Costanza Pacolato, responsável pela gestão de tecelagem de uma das maiores empresas do ramo têxtil e integrante da equipe da revista Vogue Brasil.
Moda, marketing, economia e sustentabilidade não podem mais andar separadamente! Em um momento de transição da indústria poluente para a indústria verde, empresas e os consumidores dão preferência a produtos sustentáveis. “Ser sustentável ainda é caro porque todo mercado alternativo ou inovador é caro. A tendência é consumirmos menos, coisa de melhor qualidade e levando em conta a sustentabilidade. As pessoas cosmopolitas pensam em sustentabilidade! A Osklen teve a filosofia de criar novas tendências em materiais sustentáveis”, salienta Oskar Metsavaht, criador e diretor da marca carioca Osklen.
Para Oskar Metsavaht, qualidade internacional é conquistada quando o consumidor olha para o produto e tem vontade de ter pela cor, corte, textura, estética e pela qualidade dos materiais utilizados. “Gosto de criar os produtos que gostaria de ter”, explica Oskar, que diz ainda que a qualidade dos produtos feitos pela Osklen é a mesma tanto para o mercado brasileiro, quanto para o mercado estrangeiro.
Trechos do filme “Entre a loura e a morena”, da pequena notável, Carmen Miranda, abriram a fala de Amir Slama. Fã da portuguesa radicada no Brasil, Amir explica a escolha “Carmen Miranda foi a primeira referência de Brasil. Conseguiu mostrar o país com um outro olhar. Foi um pouco caricaturesco, mas consegui chamar a atenção”. O criador da marca Rosa Chá, lembrou o mercado da moda praia há alguns anos no país. Antes, faltava o conceito da roupa como um todo para ir a praia, não tinha a necessidade de uma produção para um look praieiro. Muitas lojas vendiam ainda peças de coleções passadas e veio daí a vontade de ter um espaço só dele – mesmo sabendo que o mercado de moda praia era muito fechado. Com a abertura economia houve a possibilidade de fazer “um produto bonito por dentro e por fora”, define o empresário.
Ao se desligar da marca, em maio de 2009, Amir aceita o desafio de entrar no mercado de fast fashion e criar uma coleção exclusiva para a loja C&A, que demorou seis meses para ficar pronta e contava com 80 mil peças. O conceito de fast fashion atrai olhares de consumidores de todo o mundo pelo preço mais baixo em relação as outras marcas, visto que produzir em grande quantidade deixa as roupas com valores mais acessíveis, sem excluir qualidade das peças, claro! A parceria foi tão bem aceita pelos consumidores que rendeu para Amir ainda mais duas coleções!
Um dos responsáveis pelo “boom” do beachwear brasileiro, Amir criou a própria marca, que leva seu nome. São quatro lojas, onde uma vez por mês o criador de umas das melhores coleções de biquínis do país atende as clientes e não abre mão desse contato mais próximo! Ah! Se você pensa que vai um dia comprar as peças de Amir em liquidação – para aproveitar um precinho menor – esqueça! “Não há liquidação na minha loja porque o consumidor se recente. Por exemplo, você compra uma peça de 800 reais e depois você vê a mesma peça por 400 reias? Isso não tem sentido”.
E para quem tem dúvidas sobre situação do mercado brasileiro em relação a moda que foge ao tradicional, Amir Slama é claro “Quando você faz um produto diferenciado, ele sempre tem espaço no mercado – mesmo com altos e baixos”. Planejamento é a palavra chave para entender o público consumidor! “O grande mercado hoje é o brasileiro. As pessoas querem vir para cá. O consumidor americano jovem olha para os produtos brasileiros com outros olhos. São pessoas mais informadas, que buscam novidade”.
A palestra mais esperada do evento foi anunciada. Márcia Travessoni sobe ao palco e chama uma das figuras mais elegantes do país, a empresária e consultora de moda Costanza Pacolato, que entrou acompanhada por Christian Hallot, embaixador da H.Stern no Brasil. Antes, um vídeo com imagens de momentos profissionais e pessoais da Costanza, com uma música italiana ao fundo, cantada por Ornella Vanoni. Irreverente e muito bem humorada, ela revela “Essa cantora foi namorada do meu segundo marido e eu morria de ciúmes!”.
Nascida três dias depois de ser declarada a Segunda Guerra Mundial, Costanza chega ao Brasil com cinco anos e logo depois a família abre uma empresa têxtil, que leva o nome da Santa Costanza. A intimidade com a moda, os tecidos e as tendências veio desde muito cedo. “Eu vivi muito e tive a sorte e o privilégio de ver, desde a segunda metade do século XX, e acompanhar passo a passo da evolução. Desde telefone a manivela à Internet”, relembra uma das consultoras mais admiradas do país.
Para quem acha que fazer moda é ter apenas um olhar visionário, sem lembrar do passado, está muito enganado! “Moda nada mais é que um reflexo da realidade, de comportamento de várias raças, estilos… Peço a vocês jovens, mantenham suas raízes”, assim Costanza Pascolato deixa claro que as pessoas tem que saber de onde vem para usar essas informações a seu favor e construir a moda de melhor forma.
Considerada uma das mulheres mais elegantes do mundo, Costanza diz o que é necessário para estar por dentro da moda e das tendências: Estou sempre de olho no que tem de mais interessante e novo. Também estudo muito. Toda manhã vejo o quanto ainda tenho que aprender. Quanto mais ensino, mais aprendo. Essa é uma teoria meio budista, quanto mais você mexe em uma energia, mais ela volta para você! “Eu sempre digo que tenho sorte porque estou no lugar certo, na hora certa”, essa foi umas das várias frases marcantes da figura que melhor representa a legitimidade brasileira.
Andréa Bisker, publicitária, pós-graduada em Ciências do Consumo e representante do WGSN, encerrou o ciclo de palestras alertando sobre a importância de entender o que o consumidor pensa e de analisar as necessidades do público alvo. A moda exige uma dinâmica especial. “Moda é mais do que as vestimentas, é uma mistura de variáveis. O que estou vestindo é a aceitação ou não do que está acontecendo”, definiu Andréa.
O MaxModa desse ano, além do sucesso com as palestras, tem um motivo extra para comemorar: os 10 anos de atuação de Márcia Travessoni no mundo da moda, marketing e comunicação. “Dez anos significam uma grande conquista! Considero que realizei muita coisa. Estou muito feliz e esse é apenas o começo!”, comemora um dos grandes nomes da moda do estado do Ceará.
Quer saber mais sobre o que acontece no mundo da moda e entender como esse segmento interfere na economia? Acesso o site da expert cearense, Márcia Travessoni, (www.marciatravessoni.com.br) ou leia “Essencial: o que você precisa para saber viver com mais estilo”; “Como ser uma modelo de sucesso”, de Costanza Pacolato. Não tem como negar. De uma maneira ou de outra, a moda faz parte da vida de todos nós!
Fotos: Aline Paiva
