Relacionamentos entre pessoas e objetos podem parecer bizarros, mas há quem ache comum. No Japão, por exemplo, é relativamente normal ver gente se casando com bonecas, por exemplo. Mas o caso de amor entre um pintor famoso e sua boneca ganha tons para lá de sombrios quando conhecemos a história toda. Você já ouviu falar na boneca de Kokoschka, amor e inspiração para o famoso pintor expressionista Oskar Kokoschka? Pois o nosso especial #30DiasDeHalloween vem contar essa história no mínimo, bizarra, para você!
Oskar Kokoscha foi um escritor e pintor famoso na Áustria no começo do século passado. Sua obra é conhecida pela intensidade de suas cores e suas pinceladas, e sua participação na escola expressionista de pintura. Ele foi aluno de ninguém menos do que Gustav Klimt, que o considerava o maior talento da nova geração. Pois bem, apesar das declarações de seu mestre, ele não fez lá muito sucesso e se mudou para Berlim, onde passou a pintar retratos para conseguir dinheiro.
Um caso de amor que beirava a insanidade
Em 1912, aos 26 anos, Oskar conheceu uma mulher viúva chamada Alma Mahler, que socialite e compositora. A paixão dele por ela era tão grande que beirava a obsessão. Seu quadro mais famoso, A Noiva do Vento retrata o amor que viveu com ela. Alma chegou a prometer casar-se com Oskar quando este finalizasse sua obra-prima. No entanto, a intensidade dos sentimentos do pintor a assustaram, e a socialite voltou atrás em sua promessa, rejeitando Kokoscha.
A situação ficou ainda pior após a Primeira Guerra. Oskar foi para a frente de batalha, porém, foi ferido. Em 1916 internado, foi internado num hospital em Dresden, cidade em que morou até 1923. Nesse período, o pintor descobriu que sua amada havia se casado com outro, o arquiteto da Bauhaus, Walter Gropius. O golpe foi tão grande que o pintor nunca conseguiu superar o relacionamento.
Ele não aceitava perder sua amada. Então, na tentativa de mantê-la sempre, ele entrou em contato com uma fabricantes de brinquedos e encomendou uma boneca que fosse do mesmo tamanho de Alma. Ele pediu que ela ficasse o mais parecida possível com a mulher que amava – e que o abandonou. Quando a tal boneca chegou, o pintor famoso não a escondeu de ninguém. Andava com ela para todos os lados, saía com ela em sua carruagem, a levava para jantar… Tratava-a como uma pessoa de carne e osso.
A boneca, inclusive, servia de modelo para as pinturas de Oskar – assim como sua amada de carne e osso também fazia quando estavam juntos. Algumas de suas mais famosas pinturas, inclusive, foram inspiradas no modelo tridimensional, como Woman in Blue (1919), Painter with Doll (1920/1921) e At the Easel (1922).
Porém, dizem que, em uma noite trágica, toda a dor e amargura de Oskar o fizeram destruir a boneca. Em um acesso de raiva, após ter bebido demais, ele quebrou uma garrafa de vinho na boneca. Porém, sempre foi atormentado pela dor de ter perdido sua amada.Em seguida, a decapitou. Essa história é contada no livro “A Boneca de Kokoschka”, de Afonso Cruz.
Credo!
Fotos: Reprodução