Polêmica: Filme de Danilo Gentili vira alvo de ministro da Justiça

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Não é de hoje que filmes humorísticos acabam despertando polêmicas, principalmente quando criticam ou normalizam determinados tipos de comportamentos. Entretanto, um filme do humorista Danilo Gentili parece ter despertado mais do que polêmicas: despertou a ira de um ministro da Justiça, que quer, a qualquer preço, que não apenas o filme seja banido, mas que todo o elenco também responda pelo conteúdo.

O filme em questão o longa Como se Tornar o Pior Aluno da Escola. Curiosamente, o longa é de 2017, mas somente agora parece ter vindo à tona. Vale ressaltar que ele já está disponível há um bom tempo na Netflix, mas somente no último final de semana parece que foi “descoberto” por conhecidos do ministro da Justiça Anderson Torres. Isso porque ele começou a semana pedindo “providências” após tomar conhecimento de “detalhes asquerosos” da produção.

Toda a polêmica em torno da produção é devido a uma cena que o ministro considerou ser uma “apologia à pedofilia”. Com isso, tanto Danilo Gentili quanto o também ator e humorista Fabio Porchat – que protagoniza a tal cena – estão sendo alvejados com críticas e comentários em suas redes sociais – principalmente de perfis defensores do presidente. O filme, como já falamos, foi lançado em 2017. A cena em questão tem um cunho sexual implícito, ou seja, nada chega a ser mostrado abertamente. Tanto que o próprio Ministério da Justiça classificou o longa como sendo contraindicado para menores de 14 anos apenas.

Militantes do governo haviam aplaudido o filme antes

Outro fato curioso é que, quando foi lançado, o filme também gerou polêmica, mas de outra forma. Um jornalista abertamente conta o governo criticou duramente o longa e acabou sendo demitido. Em seguida, defensores do governo como o Pastor Marco Feliciano chegaram a elogiar o filme publicamente. Após a polêmica do último final de semana, o próprio Feliciano apagou um post que tinha feito posando ao lado do cartaz do filme e afirmou não ter lembrado da tal cena.

Danilo Gentili

A resposta de Danilo Gentili

Gentili declarou, em suas redes sociais, estar contente porque conseguiu “desagradar com a mesma intensidade tanto petista quanto bolsonarista. Os chiliques, o falso moralismo e o patrulhamento vieram fortes contra mim dos dois lados. Nenhum comediante desagradou tanto quanto eu. Sigo rindo”.

Já Fabio Porchat enviou um depoimento ao jornal O Globo, afirmando que não era nenhum tipo de apologia. Leia o texto na íntegra:

“Como funciona um filme de ficção? Alguém escreve um roteiro e pessoas são contratadas para atuarem nesse filme. Geralmente o filme tem o mocinho e o vilão. O vilão é um personagem mau. Que faz coisas horríveis. O vilão pode ser um nazista, um racista, um pedófilo, um agressor, pode matar e torturar pessoas… O Marlon Brando interpretou o papel de um mafioso italiano que mandava assassinar pessoas. A Renata Sorah roubou uma criança da maternidade e empurrava pessoas da escada. A Regiane Alves maltratava idosos. Mas era tudo mentira, tá gente? Essas pessoas na vida real não são assim.

Temas super pesados são retratados o tempo todo no audiovisual. E às vezes ganham prêmios! Jackie Earle Haley concorreu ao Oscar em 2007 interpretando um pedófilo no excelente filme ‘Pecados Íntimos’. Só que quando o vilão faz coisas horríveis no filme, isso não é apologia ou incentivo àquilo que ele pratica, isso é o mundo perverso daquele personagem sendo revelado. Às vezes é duro de assistir, verdade. Quanto mais bárbaro o ato, mais repugnante.

Agora, imagina se por conta disso não pudéssemos mais mostrar nas telas cenas fortes como tráfico de drogas e assassinatos? Não teríamos o excepcional ‘Cidade de Deus’? Ou tráfico de crianças em ‘Central do Brasil’? Ou a hipocrisia humana em ‘O Auto da Compadecida’. Mas ainda bem que é ficção, né? Tudo mentirinha”.

Fotos: Reprodução

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