A animação de Carlos Saldanha fala de música, diversidade e Copa do Mundo!
Fazer um longa de animação pode ser muito complicado, além de caro! Embora os número sejam quase sempre sigilosos para as produtoras, o que se tem conhecimento é que são produções de centenas de milhões de dólares. O prazo para a conclusão de um filme desse tipo é de mais de três anos. Em contramão, as decisões devem ser muito rápidas. Rio, do diretor brasileiro Carlos Saldanha, estourou nos cinemas do mundo todo, logo que foi lançado, em 2011. Não demorou muito para que a produtora Blue Sky decidir pela parte 2 do filme. O longa de animação estreia nesta quinta-feira (27), em 2D e 3D.
Na próxima quinta-feira (03), estreia Noé, de Darren Aronofsky, que trouxe ao Brasil o astro Russell Crowe. A Paramount estima um megalançamento de mais de 900 salas para o filme. Para completar, no dia 10 de abril, entra Capitão América 2 – Soldado Invernal, também nos dois formatos. No Brasil, que dispõe de poucas salas 3D, haverá uma verdadeira briga das superproduções de Hollywood.
[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=I_TarJ2AoFs[/youtube]
Na segunda-feira (24), houve a coletiva de lançamento de Rio 2. Onde? Na Cidade Maravilhosa, claro! A Fox conseguiu que o Parque Lage cedesse seu imponente cenário – o prédio e as matas ao redor – para abrigar o evento. No local, Glauber Rocha rodou uma cena importante de Terra em Transe. Na piscina, em seu interior, Joaquim Pedro de Andrade localizou a feijoada gigantesca de Macunaíma.
A Fox armou uma tenda junto à mata para aproximar os jornalistas do habitat de Rio 2. No segundo episódio das aventuras de Blu e Jade, a ação começa na orla carioca, no tradicional réveillon que lota Copacabana. Não demora muito – na cena seguinte – e a ação desloca-se para a Amazônia, onde o ornitólogo Túlio descobre que Blu não é o último de sua espécie, mas que existe toda uma reserva de araras azuis.
Carlos Saldanha reconhece que Rio 2 é mais infantil do que o primeiro, mas não houve nenhuma pressão para isso. Foi uma opção dele fazer um filme mais simples e direto para os pequeninos. O réveillon como grande explosão carioca meio que predispõe o público a entrar num universo de magia.
O que tem circulado na mídia é que alguns críticos reclamam de que a produção cinematográfica se trata de obra de propaganda, ‘encomendada’ para vender uma das cidades-sede da Copa do Mundo e, depois, em 2016, da Olimpíadas. Saldanha ama o Rio e nega que o Rio que cria em seus filmes seja uma utopia maravilhosa. ” Estou trabalhando no registro de fantasia, mas duvido que possam me acusar de falsificação. O Rio é essa cidade maravilhosa”, disse em entrevista ao Estado de S. Paulo.
Do Rio de Janeiro, a trama salta para a famosa Floresta Amazônia, mas para chegar lá é preciso atravessar o Brasil. Presentes à coletiva estavam os compositores Sérgio Mendes e Carlinhos Brown, e o ator Rodrigo Santoro, que dubla Túlio, o ornitólogo. Carlinhos dá a sua definição de Rio 2. “O filme, ao atravessar o Brasil, viaja na nossa diversidade. Ela não é apenas de paisagens, de tipos humanos e de arquitetura. É também musical”.
Apesar dos protestos contra o Mundial, o brasileiro ama futebol. Blu ensaia peladas com os filhos e, no reduto das araras, há uma rivalidade inclusive esportiva – metade da reserva é de araras azuis e a outra metade, de vermelhas. A rivalidade, como um mando de jogo, se transfere não propriamente para o gramado, mas para os ares, quando as aves disputam uma partida decisiva. Réveillon da areia, futebol e, no desfecho, carnaval – um carnaval amazônico. Se o objetivo era, e é, refletir a diversidade brasileira, a narrativa de Rio 2, estruturando-se sobre esse tripé, certamente leva muito a sério a proposição.
Ainda não existe decisão nenhuma sobre um terceiro Rio, mas Saldanha promete pensar com carinho no aumento da participação do buldogue.
Fotos e vídeo: Reprodução