Você está em um bate papo descontraído com o parceiro ou um paquerinha na Internet, e de repente a conversa vai esquentando, e ele pede para ligar a webcam ou mandar os famosos “nudes”. Meu Deus, é uma obsessão! Será mesmo?
Com os avanços tecnológicos, mudanças de comportamento e facilidades trazidas pela Internet, surgem novas necessidades, novas formas de relacionamento e até mesmo novas carências. Nesse contexto o sexo virtual aparece como solução – ou até mesmo opção, em que tudo pode ser rápido, impessoal, anônimo…
Bastante polêmico, esse tipo de sexo ainda causa divergências entre pessoas de todas as idades. Será que pode-se considerar a prática, quando não realizada com parceiro, traição? Ela seria uma substituta para o sexo real? Quais os aspectos “negativos” ou “positivos” que o sexo virtual pode trazer para o relacionamento? Para esclarecer esses e outros questionamentos, o No Pátio conversou com exclusividade com a sexóloga Carla Cecarello, do site de encontros C-date, e revela alguns tabus.
Para os simpatizantes da prática, o sexo virtual é vantajoso para uma série de coisas e um remédio para vários tipos de fobias: Você pode soltar as fantasias e se aventurar a fazer coisas que não teria coragem de fazer no sexo real ou que acharia nojento, doloroso, homofóbico, por exemplo.
O psicanalista e escritor Contardo calligaris considera que o sexo virtual não é algo apenas masturbatório ou um substituto para o sexo real, e sim um tipo de sexo. A sexóloga concorda com o posicionamento e afirma que a modalidade estimula, de alguma forma, o erotismo mental e também um palavreado mais aguçado e erótico.
Segundo Carla Cecarello, há ainda quem optem pelo sexo virtual pela dificuldade em se aproximar de outras pessoas, para poder seduzir ou conquistar e essa acaba sendo a forma que essas pessoas encontram para obter seu prazer. Portanto, podemos dizer que existem dois tipos de pessoas no sexo virtual.
⇒ Aspectos “negativos”
Na visão da sexóloga a modalidade é positiva somente até certo ponto, pois a partir do momento em que as pessoas passam a depender desses estímulos virtuais para se excitar ele acaba se tornando um vício e pode prejudicar o sexo real.
“As pessoas acabam comparando a parceria com o virtual e o virtual sempre vai ser mais interessante, mais atraente do que o real, justamente pela fantasia que se cria e as possibilidades mirabolantes que o virtual oferece”, afirma Carla.
Foi o que aconteceu com a estudante de Direito I.N. A estudante afirma que já fez muito sexo virtual com o antigo namorado, mas percebeu que o fetiche chegou ao ponto de diminuir o tesão quando eles partiam para o sexo fora do universo digital. “Houve um período em que eu sentia falta de ler as conversas mais picantes e trocar fotos com ele para me sentir excitada durante a transa”, confessa a universitária.
⇒ A ilusão (ou aspectos “positivos”)
A ideia do amor romântico, no qual a busca pela alma gêmea leva o indivíduo a idealizar o parceiro e a frustrar-se diante da realidade sai de cena quando surge o sexo virtual. Nesse universo muitas pessoas usam da privacidade garantida pela Internet para vender a imagem do bom sedutor. e expõem suas fantasias e desejos explicitamente. Essas pessoas buscam uma satisfação imediata e intensa sem correr o risco de ouvir “não”!
⇒ Casais monogâmicos x Sexo virtual
Acredita-se que nos Estados Unidos, haja mais de dois milhões de pessoas viciadas em sexo virtual, que chegam a ficar pelo menos 20 horas por semana nos sites de sexo. Ao ser questionada sobre um possível fracasso dos relacionamentos monogâmicos ser o um dos motivos para cada vez mais pessoas procurarem esse tipo de sexo, Carla disse acreditar que a relação pode continuar com características românticas mesmo aderindo a essa prática, desde que as pessoas saibam o significado de viver a dois.
“O casal tem que ser íntimo, compartilhando suas experiências, é isso que mantém o amor romântico. Muitos casais se perdem por falta de conversa, por falta de troca sobre o que gostam ou não. Por conta disso, muitas pessoas acabam procurando o sexo virtual para suprir essa falta e aí buscam novos estímulos. É nesse ponto que mora o grande problema, pois o casal acaba se afastando ainda mais”.
⇒ Sexo virtual = Traição na Internet?
Para Carla a traição na Internet é um ponto bastante interessante, pois leva em consideração o que o casal enxerga como traição. Alguns casais, por exemplo, não consideram traição a troca de nudes ou conversas com palavras picantes através de chat como traição.
Para estas pessoas a traição só é consumada com o ato sexual e hoje já tem casos em tribunais de juízes que aceitam como prova de traição troca de mensagens nas redes sociais. Ou seja, a traição é algo bem subjetivo, porque quem é traído é que faz esse julgamento. Por isso, o conceito de traição varia muito de acordo com cada pessoa e, principalmente, do lado em que a pessoa está (traindo ou traído).
Para quem faz do sexo virtual apenas uma forma de descontração, um mero passatempo ou uma forma de se aquecer e fantasiar para a relação sexual que virá depois, não tem nada demais. A prática tem mais a ver com o voyeurismo, já que a pessoa que fica observando o sexo acontecer, sentindo prazer apenas em observar o sexo acontecendo, sem participar do ato em si.
Lembrando que é importante não se expor demais e não clicar em links suspeitos na hora da diversão virtual.
Para finalizar, se anda difícil encontrar gente interessante, se bateu vontade no meio da madrugada ou se está com saudade do namorado, tenha coragem e parta pra uma sala de bate-papo ou se pendure no telefone. O que vale é ser feliz. E sentir prazer, é claro! Quem sabe na próxima matéria o No Pátio traz algumas dicas para um sexo virtual sem vergonha, o que você acha?
Fotos: Reprodução.